domingo, 20 de outubro de 2024

 


Origem do nome GAL

                                        - atrelada ao mundo dos charutos -

Em 1985, solicitei demissão à fábrica dos charutos Alonso Menendez, pois cansara de ouvir reclamações de seu controlador, meu finado amigo Mário Amerino da Silva Portugal. Segundo ele, os eventos sociais que promovíamos e suas repercussões midiáticas nada resolviam.

Quinze anos mais tarde ele, Mário, deve ter aprendido que o negócio vive daquilo que ele classificava de ‘oba-oba’, ou seja, a permanente iniciativa em se destacar o produto na mídia, inclusive, via lançamentos de ‘novidades’ – novas versões sobre velhos temas. É quando nasce a marca Dona Flor, hoje o maior símbolo da companhia.

Desligado da Menendez - da qual me mantive afastado por uns dez anos - montara uma tabacaria no Mercado Modelo, em Salvador, e estruturado um negócio inovador, marketing direto para venda de charutos. Estava feliz da vida, quando sou convidado por   D. Gisela Suerdieck, para coordenar providências com vistas à aquisição da fábrica de charutos de Maragogipe, então em mãos do Grupo Mellita. Tal história daria um livro. Concluída a operação do “retorno da fábrica às mãos da ‘família”, assumi a superintendência da empresa.

D. Gisela, senhora de incontidas ânsias, já adquirira o controle da Agro Comercial Fumageira (plantio de fumos ‘capeiros’ em Cruz das Almas), o que lhe custara desconfortável afastamento de seu ex-cunhado Fernando Suerdieck.

Com planos de dominar o mercado nacional, uma vez adquirida a Suerdieck e seus 700 funcionários, passou-se à aquisição de mais duas fabricas, ambas situadas em Muritiba. A dos charutos Ideal, uma pequena unidade - quase 40 empregados - e a cinquentenária fábrica de charutos Pimentel com seus 200 colaboradores. Desta, inclusive, foram comprados prédios e tudo mais. Quanto aos entendimentos de tais transações, também fui o personagem central. 

A Pimentel, então, marcava forte presença no Rio de Janeiro, praça onde a antiga Charutaria Estrela, pertencente à família Richa, era a atacadista. Em visita de cortesia ao estabelecimento, fui brindado com um exemplar do livro “Coisas & Gente do Mercado Atacado”, dos jornalistas Natalício Norberto e José Luiz Chaves (1ª edição,1987).

Ali, à página 153, quando os autores entrevistam Elias Richa, ao tratar da marca de maior fama, Elias afirma que "era mesmo a Príncipe de Gales, fabricada antigamente pela firma Costa Penna, do avô da Gal Costa. Foi dele que a menina Gracinha tirou o nome artístico - Gal de Gal-es - pois quando jovenzinha, não sabendo pronunciar direito a palavra Gales, dizia: Vovô, me dá uma caixa de Príncipe de Gal prá mim pôr as bonecas." 

Encerro por aqui, anotando minha satisfação por ter tido, após tantos anos, tempo de registrar este inédito testemunho.

Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é autor do livro virtual

Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas e Palavras ao Vento,

participa do Colares – Coletivo Literário Arte de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - Ba
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http://livrodoscharutos.blogspot.com

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