Origem do nome GAL
Em
1985, solicitei demissão à fábrica dos charutos Alonso Menendez, pois cansara
de ouvir reclamações de seu controlador, meu finado amigo Mário Amerino da
Silva Portugal. Segundo ele, os eventos sociais que promovíamos e suas
repercussões midiáticas nada resolviam.
Quinze anos mais tarde ele, Mário, deve ter aprendido que o negócio vive daquilo que ele classificava de ‘oba-oba’, ou seja, a permanente iniciativa em se destacar o produto na mídia, inclusive, via lançamentos de ‘novidades’ – novas versões sobre velhos temas. É quando nasce a marca Dona Flor, hoje o maior símbolo da companhia.
Desligado
da Menendez - da qual me mantive afastado por uns dez anos - montara uma
tabacaria no Mercado Modelo, em Salvador, e estruturado um negócio inovador,
marketing direto para venda de charutos. Estava feliz da vida, quando sou
convidado por D. Gisela Suerdieck, para
coordenar providências com vistas à aquisição da fábrica de charutos de
Maragogipe, então em mãos do Grupo Mellita. Tal história daria um livro.
Concluída a operação do “retorno da fábrica às mãos da ‘família”, assumi a
superintendência da empresa.
D. Gisela, senhora de incontidas
ânsias, já adquirira o controle da Agro Comercial Fumageira (plantio de fumos
‘capeiros’ em Cruz das Almas), o que lhe custara desconfortável afastamento de
seu ex-cunhado Fernando Suerdieck.
Com planos de dominar o mercado
nacional, uma vez adquirida a Suerdieck e seus 700 funcionários, passou-se à
aquisição de mais duas fabricas, ambas situadas em Muritiba. A dos charutos
Ideal, uma pequena unidade - quase 40 empregados - e a cinquentenária fábrica
de charutos Pimentel com seus 200 colaboradores. Desta, inclusive, foram
comprados prédios e tudo mais. Quanto aos entendimentos de tais transações,
também fui o personagem central.
A Pimentel, então, marcava forte
presença no Rio de Janeiro, praça onde a antiga Charutaria Estrela, pertencente
à família Richa, era a atacadista. Em visita de cortesia ao estabelecimento,
fui brindado com um exemplar do livro “Coisas & Gente do Mercado Atacado”,
dos jornalistas Natalício Norberto e José Luiz Chaves (1ª edição,1987).
Ali, à página 153, quando os
autores entrevistam Elias Richa, ao tratar da marca de maior fama, Elias afirma
que "era mesmo a Príncipe de Gales, fabricada antigamente pela firma
Costa Penna, do avô da Gal Costa. Foi dele que a menina Gracinha tirou o nome
artístico - Gal de Gal-es - pois quando jovenzinha, não sabendo pronunciar
direito a palavra Gales, dizia: Vovô, me dá uma caixa de Príncipe de Gal prá
mim pôr as bonecas."
Encerro por aqui, anotando minha
satisfação por ter tido, após tantos anos, tempo de registrar este inédito
testemunho.
Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é autor do livro virtual
Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas
e Palavras ao Vento,
participa do Colares – Coletivo Literário Arte
de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - Ba
[email protected]
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