segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Amor e sexo. Qual a diferença? Todas.

        Casada há 13 anos, uma mulher diz que tem um marido maravilhoso, mas que o relacionamento na cama é uma tragédia. As relações são rápidas e superficiais, sem preliminares. “Já conversaram muito sobre isso, mas ele considera pecado qualquer prática sexual que não leve à reprodução”, lamenta ela. Essa senhora deveria bater à porta da igreja e perguntar ao líder espiritual dele o que fazer agora. Afinal, a culpa da infelicidade dela é da igreja que considera o sexo antes do casamento um pecado contra Deus e que deve existir apenas com o propósito reprodutivo e não por simples prazer.
         Os povos mais primitivos encaravam o sexo com naturalidade. Quando os jovens atingiam a puberdade e o desejo sexual surgia, o relacionamento era inevitável como qualquer outra necessidade fisiológica. A hipocrisia e maldade humanas criaram tantas regras e empecilhos a estes relacionamentos que entortou a cabeça das pessoas. Não foram poucos os líderes políticos e religiosos que tomaram para si o “fardo”, o “sacrifício” de “proteger” as jovens viúvas, mães solteiras, ou outras “pecadoras” quaisquer as levando para viver sob o mesmo teto.
         Havia antigamente uma tradição em que o pai entregava sua filha virgem ao rei para que a deflorasse, e depois exibia com orgulho para os amigos o certificado de que a primeira noite da filha foi com o rei. Fornicação é um dos termos utilizados para definir uma relação sexual. Em Inglês, fornication. Assim se explica o termo inglês “fuck” (transar). Houve uma época, na Inglaterra, em que os casais só poderiam ter relações com o consentimento do rei. Quem recebia este “consentimento” ostentava um cartaz na porta da casa com os seguintes dizeres: Fornication Under Consentiment of the King (FUNK). Chique, não? Para mim é pura tirania, safadeza e hipocrisia, entre outras coisas.
         Algumas religiões antigas permitiam, e algumas ainda permitem, a poligamia. Não vejo mal algum, desde que o “garanhão” possa sustentar as mulheres com bom padrão de vida, e, principalmente, que cada uma delas tenha aceitado livremente este tipo de casamento. Nunca por imposição de quem quer que seja. Mas entre algumas daquelas religiões, os líderes gozavam da primazia de escolher entre as mais jovens e belas mulheres da comunidade aquelas que seriam suas esposas. E elas eram obrigadas a aceitar.
         E onde entra o amor nessa história? Algumas pessoas afirmam que uma boa relação sexual depende exclusivamente do amor entre os parceiros. Não concordo. Amor e sexo são duas coisas distintas. Como disse Arnaldo Jabor, “amor é bossa nova, sexo é carnaval” (vejam no texto “Amor e Sexo” musicado por Rita Lee). Com isso ele quis dizer que amor é pra sentir, sexo é pra desfrutar. Um é sentimento o outro é prazer. E por aí vai. Quando sexo e amor coexistem, a felicidade é total. Sexo sem amor pode ser bom, mas amor sem sexo é uma droga. Pode-se vivenciar uma tórrida paixão com muito sexo, mas como a paixão é um sentimento fugaz, logo ela passa e dá lugar ao amor. Mas, quando a paixão termina em desilusão o efeito é devastador.
         Por isso defendo o sexo antes do casamento. As lideranças comunitárias deveriam se preocupar mais em orientar do que ameaçar com o fogo do inferno os jovens adolescentes. Fazer com que entendam que o sexo é uma coisa natural, inerente a todos os seres vivos como qualquer outra necessidade fisiológica como comer, beber, coçar. Entretanto, não se deve esquecer de esclarecer sobre os perigos das doenças sexualmente transmissíveis, a gravides indesejada e as formas de prevenção. E, acima de tudo, deve ser consensual, ou seja, desejado de ambas as partes. Sem sentimentos de posse ou violência de qualquer natureza.

Chega de mentiras e hipocrisia.

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