segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Os acertos e erros da CIA em suas previsões sobre como seria o mundo em 2015

  No ano 2000, enquanto o mundo celebrava a chegada de um novo milênio, a CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, lançava um relatório fazendo um prognóstico de suas expectativas para os próximos 15 anos e como seria o mundo em 2015.
O documento de 70 páginas foi preparado por um grupo de especialistas.
Veja abaixo quais foram os erros e acertos desse relatório:

Acertos

Sofisticação do terrorismo
"Entre agora e 2015, as táticas terroristas se delinearão e desenvolverão de forma muito mais sofisticada para a realização de mais ataques letais em massa."
Não demorou muito para que o mundo desse razão para a CIA neste ponto do relatório: os ataques de 11 de setembro de 2001 ocorreram logo em seguida. Na época, nem a própria CIA conseguia dar a dimensão correta do alcance que teria esta sofisticação que acabou definindo a política internacional a partir de 2001.
Os especialistas da CIA previam que grupos insurgentes, traficantes de drogas e gangues criminosas usariam a globalização a seu favor para trabalhar juntos e desenvolver redes criminosas internacionais, que promoveriam o tráfico de armas nucleares, biológicas e químicas, que seriam usadas contra o Ocidente.
Esta previsão, assim como foi apresentada, parece mais com um roteiro de filme da série James Bond. Mas a realidade pode, no entanto, ser ainda mais preocupante.
O grupo autodenominado Estado Islâmico, por exemplo, não precisou traficar armas químicas. Há o temor de que eles estejam utilizando instalações e recursos de lugares que ocuparam na Síria e no Iraque para fabricar suas próprias armas.

Revolução tecnológica
Aqui a CIA parece ter acertado em cheio: ela previu uma explosão digital, liderada pela tecnologia móvel. O acesso universal à comunicação pelo celular produziria "a maior transformação global desde a revolução industrial", afirmou o relatório.

Acertos com erros

Estatísticas sobre a população mundial
"A população mundial crescerá em mais de um bilhão (de pessoas), para 7,2 bilhões", afirmou o relatório.
Certo, em parte. Eles acertaram que as populações na Rússia e na Europa Oriental diminuiriam. Mas erraram ao afirmar que a população da África também diminuiria, devido à "Aids, fome e a constante instabilidade política e econômica".

Energia
"Os recursos energéticos serão suficientes para satisfazer a demanda", afirmou o relatório da CIA.
Previsão certa para o petróleo, que hoje está com excesso de oferta e obrigou as companhias do setor a reavaliar seus planos de extração para os próximos anos.
Mas a previsão errou para as outras fontes de energia.

O auge da biotecnologia
O documento da CIA acertou ao afirmar que o preço de testes e exames de DNA iria cair. Isto aconteceu de forma marcante nos últimos cinco anos, permitindo mais pesquisas que incluem sequenciamento do DNA, como as que tentam encontrar a cura ou prevenção precoce do câncer.
Também estava certo sobre a expansão das lavouras de transgênicos que, apesar de serem rejeitadas por ambientalistas, hoje compõem 30% dos hectares de milho cultivados globalmente, 68% das de algodão e 82% das de soja.

Erros

Rússia 'fraca internamente'
Para a CIA, o futuro do histórico antagonista dos americanos seria assim: uma Rússia "fraca internamente" que usaria suas reservas de gás e seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para manter seu status. E este talvez foi o maior erro do relatório.
A Rússia hoje, liderada por Vladimir Putin, é tão influente no panorama mundial como as potências ocidentais e construiu uma rede internacional de aliados que vai da Venezuela à Síria. Sua posição permitiu até que o país anexasse território, como a península estratégica da Crimeia, e fizesse intervenções em conflitos internacionais como o da Síria.

Um robusta economia global
"A economia global está bem posicionada para alcançar um período sustentável de dinamismo até 2015". Esta era a previsão do relatório da CIA, que também afirmava que o crescimento econômico mundial chegaria "aos altos níveis alcançados nos anos 1960 e começo dos anos 1970".
Se bem que o documento falava de uma potencial crise, e citava os países em desenvolvimento como seus prováveis protagonistas, pois estes não tinham conseguido ainda liberalizar de forma satisfatória seus sistemas financeiros.
O documento não faz nenhuma previsão sobre o colapso financeiro de 2008, que jogou as economias americana e europeia em uma profunda crise e causou a discussão e implementação de medidas para colocar limites ao capitalismo. (BBCBrasil)


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