segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Brasileira na Nasa cria projeto para estimular interesse de crianças pela ciência

Fazer uma borboleta era o desafio autoimposto à aluna de 12 anos de um modesto colégio de freiras no subúrbio de Brás de Pina, no Rio de Janeiro.

O professor de ciências havia explicado naquela tarde como uma lagarta virava uma borboleta. Disposta a testar a ideia, a menina colocou um casulo dentro de um vidro de maionese, fez uns furinhos na tampa e esperou. Nasceu uma borboleta, como dissera o professor. Mas ela tinha as asas amassadas e não conseguia voar.

Arrasada, a menina cobrou explicações do professor. "Eu não sei o que aconteceu", ele disse. "Mas talvez tenha faltado água", arriscou. Ela arrumou outro casulo no quintal e o depositou com cuidado no vidro de maionese. Colocou um pouco de água lá dentro e, ai sim, fechou com a tampa furada.

"Deu certo, eu consegui fazer uma borboleta", conta Duília de Mello. "Eu não duvidei da palavra dele, nem aceitei: eu fui lá, testei e consegui provar. Acho que foi a primeira vez que a minha curiosidade científica foi despertada", conta ela que, hoje, aos 50 anos, é astrofísica da Nasa, a agência espacial americana. Nada mal para a menina de origem humilde, nascida em Jundiaí, no interior de São Paulo, e criada no subúrbio do Rio por um pai alcoólatra e uma mãe zelosa.

Agora, para que cada vez mais crianças consigam superar as adversidades e se interessar por carreiras científicas, Duilia está criando a ONG Mulher das Estrelas (http://mulherdasestrelas.com), reunindo uma rede de mentores de diferentes especialidades, como física, matemática e robótica.

A astrônoma já conta com a ajuda de 20 profissionais. A ideia é estimular a criação de clubes de ciências e as competições científicas entre as escolas, com a curadoria à distância desses especialistas, para fazer com que crianças de origem pobre por todo o Brasil possam ganhar asas e mirar estrelas.

"Quero poder ajudar às pessoas que não tiveram tanta sorte quanto eu, ou que não tiveram uma mãe tão empenhada como a minha", diz ela, em entrevista por telefone, de Washington. Informalmente, ela afirma já fazer essa espécie de mentoria à distância. "Muitos desses estudantes me acham na internet, me mandam mensagens. Eu respondo a todas elas, explico como é a profissão."

Leia matéria completa no BBCBrasil

Nenhum comentário: