sexta-feira, 26 de março de 2010

Um pelo outro, não quero volta


Esta semana ouvi um vereador numa emissora de rádio falando de um colega que trocou de partido, como se isso fosse a coisa mais absurda. Ora, meu caro, hoje em dia se troca de partido como se troca de camisa. Foi-se o tempo em que os partidos tinham doutrina e ideologia, e seus membros defendiam com unhas e dentes os programas partidários.

Na verdade, defendiam não por fidelidade, mas porque temiam que, trocando de partido, perderiam credibilidade junto ao eleitorado. Boa parte dos políticos eram democratas de meia tigela. Obedeciam as diretrizes partidárias e as orientações dos seus líderes, por puro medo de cair em desgraça. Com o passar do tempo, foram perdendo a pouca vergonha que tinham, e descobriram que os eleitores não eram tão intolerantes assim com os “vira-casaca”. Bastava acenar com um favorzinho aqui, um empreguinho ali, que tudo se arranjava, como acontece até hoje.

Aliás, não só os políticos trocam de partido como os partidos trocam de políticos. Com o advento do pluripartidarismo no Brasil, as legendas navegam ao sabor dos ventos. Aliados hoje são adversários amanhã, e vice versa. Os partidos trocam de nome também, e creio que aqui na Bahia o campeão do troca-troca seja o Democratas. Quando da revolução de 1964 a União Democrata Nacional (UDN), virou Aliança Renovadora Nacional (Arena). Depois, virou Partido Democrata Social (PDS). Mais tarde virou Partido da Frente Liberal (PFL). E por fim, Democratas (DEM), também carinhosamente chamado pelos adversários de DEMO.

Justiça seja feita, alguns poucos políticos mantêm-se fiéis aos seus partidos e aos seus princípios doutrinários e ideológicos. Mas a maioria, democratas de araque, não aceita decisões de maioria. E quando o partido não atende mais aos seus interesses, se apressam em mudar para outra agremiação, que os aceitam de braços abertos. A história recente de Feira de Santana está cheia de exemplos.

Antigamente era comum se ouvir discursos inflamados, discussões entre adversários políticos e até brigas. Famílias inteiras ficavam inimigas por conta de divergências partidárias. Havia chefes de família que não aceitavam casamentos entre seus filhos, se não fossem de famílias aliadas. E os eleitores (Ah! Os eleitores) chegavam e se matar para defender os seus líderes políticos.

O curioso nisso tudo é que pouca gente percebe que eles, os políticos, mesmo trocando de partido, continuam políticos, com seus cargos e privilégios, continuam no poder, mudando apenas o discurso conforme a doutrina do seu novo partido.
E nós, os eleitores, continuamos na mesma, reclamando das mesmas coisas, vivendo a mesma vida dura que o destino reserva para aqueles que não tiveram a sorte de se eleger. Pra nós não muda nada!

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