sexta-feira, 14 de maio de 2010

Moto Contínuo


O sistema de organização social e política do Brasil é totalmente equivocado e só tem se agravado ao longo dos anos. Tudo no País só funciona na base da corrupção, mutreta, jeitinhos, ou qualquer outro modo de se fazer prevalecer a “Lei de Gerson” de levar vantagem em tudo. Ninguém está disposto a abrir mão dos seus privilégios pelo bem da coletividade.

Aliás, recentemente, o empresário Alfredo Falcão, um dos últimos remanescentes de uma estirpe de homens dotados de espírito público, reclamava dessa falta de amor pela cidade e de ações pelo bem da coletividade. “Todo mundo está fechado atrás dos seus muros, grades e cercas elétricas, pensando que está imune ao que acontece na cidade. É um equívoco”! Sentenciava ele.

Examinando os três poderes, notamos que o Executivo sempre foi o principal protagonista de escândalos públicos, com prefeitos, governadores e presidentes sempre envolvidos em denúncias de corrupção, malversação de verbas públicas, improbidade administrativa, roubo mesmo. E sempre afinado com o Legislativo, que fecha os olhos a tudo isso, porque também é protagonista de escândalos semelhantes.

Restava à população a esperança no Judiciário, que tem a função de resguardar lei, elaborada pelo Legislativo, e pugnar pela sua justa aplicação e sentença. Mas, os cargos no Judiciário não são eletivos, e o poder, que deveria ser independente, vive refém do Executivo, que indica quem ocupa qual cargo no Judiciário.

Totalmente envolvido nessa rede, os membros do poder Judiciário montaram um sistema de blindagem ente si e, uma vez intocáveis, promovem toda sorte de arrepios às leis que deviam proteger. E tome-lhe nepotismo, corrupção, supersalários e escândalos mil.

Nós, pobres mortais, assistimos a esse festival de ilegalidades e desmandos impotentes para reagir e exigir respeito. Afinal, somos nós, os cidadãos, contribuintes, que pagamos os salários dessa gente. Mas, aí é que entra aquilo que Alfredo Falcão disse. Falta espírito público. Falta espírito coletivo. Fica todo mundo esperando que alguém venha a resolver o problema, enquanto nos fechamos na nossa individualidade burra e incompetente.

Tá todo mundo feliz, conformado, afinal, as tragédias só atingem os vizinhos. E aí vale lembrar o rato que viu o fazendeiro chegar com uma ratoeira. A galinha, o porco e vaca não se interessaram pelo drama do rato. Afinal, que mal uma ratoeira poderia lhes trazer? O problema era do rato.

Mas a mulher do fazendeiro foi picada por uma cobra. Não morreu, mas na convalescença, foi alimentada com canja de galinha. O fazendeiro teve que matar o porco para alimentar as visitas. E, finalmente, para fazer frente às despesas com médico e medicamentos, vendeu a vaca para o açougue.

Mas quem está se importando com isso? Esse ano tem Copa do Mundo.

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