sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os “espertos”



Tive a oportunidade de conversar com diversos dirigentes sindicais durante a semana que passou. Todos eles são categóricos em afirmar que o maior problema que enfrentam é a falta de participação dos integrantes de suas categorias. A falta de cultura associativista continua sendo o grande empecilho para o desenvolvimento do Norte e do Nordeste do Brasil. Enquanto no Sul todos buscam unir-se em torno de uma causa comum, aqui ficamos sempre esperando que alguém venha resolver os problemas para nós, enquanto bebemos e reclamamos do governo em mesas de bar.

Outro problema típico do Norte e Nordeste é a falta de mão de obra qualificada para ocupar as vagas que as empresas oferecem. E por que isso acontece? Segundo os dirigentes das classes produtoras, porque a maioria dos cursos é ruim e forma profissionais de terceira categoria. A segunda razão, não menos grave, é que ninguém está disposto a ter um trabalho regular, com carteira de trabalho assinada, para não perder o benefício do programa Bolsa Família.

Enquanto isso, sem perspectivas de emprego e renda, sem motivação para o trabalho, e felizes com o paternalismo governamental, que dá o peixe em vez de ensinar a pescar, os jovens das classes mais baixas morrem como moscas, vítimas das drogas e do crime organizado.

Os ricos fecham-se atrás das suas muralhas, cercas elétricas, câmeras de segurança e alarmes, crentes que estão livres da violência que assola a cidade. E desse ponto de vista, equivocado, estão pouco se lixando para as pessoas que vão à luta, que tentam de alguma forma resolver estes problemas, munidas apenas de espírito público, solidariedade e boa vontade.

São pessoas simples, que passam despercebidas no dia a dia, não aparecem nas entrevistas, não fazem pose para fotos ou para a televisão. São Joões e Marias, corajosos que, cientes dos seus direitos e deveres enquanto cidadãos, contribuintes, que pagam para ter um mínimo de condições de trabalho e lazer, e que, ao contrário dos “espertos”, são inteligentes o suficiente para entender que depende de cada um deles a qualidade de vida na comunidade em que moram e trabalham.

Não pedem muito, mas pedem paz. Exigem apenas aquilo que é seu por direito, mas que lhes é negado justamente por aqueles que elegeram para defender seus interesses. Agora mesmo, tramita na Câmara Municipal um projeto para que seja implantado na cidade o “Toque de Acolher”, que retiraria das ruas, após as 22 horas, menores desacompanhados dos seus responsáveis.

Justamente quem deveria defender o projeto, tem se manifestado contra ele. E ninguém dá uma explicação satisfatória para tal atitude, até porque não há argumento plausível, uma vez que onde foi adotada tal medida, os índices de criminalidade caíram radicalmente. Mas eles são os “espertos”, os donos do poder e da verdade. Não vão se humilhar em dar satisfações ou pedir opinião a quem lhes paga os salários e são diretamente interessados em resolver o problema: Os cidadãos, os pais, os trabalhadores.
Disse um filósofo amigo meu, prenhe de razão: “Nós somos inteligentes, espertos são os bandidos”.

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