sexta-feira, 11 de junho de 2010

Celebridade



Há alguns dias gravei uma curta mensagem, coisa de poucos segundos, para a TV Subaé que fazia aniversário. Foi o suficiente para me tornar uma “celebridade”. As pessoas passaram a me olhar nas ruas e até a me cumprimentar. Algumas, mais afoitas, até me chamam de “amigo” e procuram demonstrar alguma intimidade. Lembrei de famoso jornalista, que foi abordado por um indivíduo na rua que o cumprimentou dizendo: “Olá amigo, que há de novo”? A resposta veio imediata: “Por enquanto só a nossa amizade”.

Eu não sou tão mal humorado e indelicado assim, mas é realmente esquisito como as pessoas forçam a barra para se aproximar de quem tem fama. Foi uma das razões que me levou a abdicar de ser cantor profissional. Convites não faltaram, e até hoje um ou outro ainda me aborda indagando por que não canto profissionalmente.

Acontece que eu canto por prazer. Canto quando quero, e não por obrigação. Quando eu vejo um jovem buscando desesperadamente a fama, às vezes, sinto pena. Sim. Porque a maioria não busca uma profissão por prazer, mas por dinheiro. Não avaliam que, uma vez alcançado o sucesso, pode perder tudo que mais preza. Os amigos, a individualidade, a privacidade, a liberdade. Sobre isso John Lennon disse uma vez: “Eu estava num trem em alta velocidade, mas sem poder descer. Queria, mas não podia. Embriagado em ouvir as pessoas à minha volta dizendo o quanto eu era grande, grudadas em mim, tentando tirar algum proveito da minha fama”.

Às vezes, sinto dificuldade em escrever este simples editorial. Eu tenho consciência de que sou bom no que faço, mas é que, às vezes, eu não quero fazer. Como diria Chico Buarque, chega a Roda Viva e carrega a minha vontade pra lá. Eu não sou dono da minha vontade, sou escravo do meu trabalho.

Eu fico imaginando uma adolescente vendo a novela na TV e pensando que daria tudo para estar no lugar daquela atriz famosa. Coitada. Se ela soubesse o trabalhão que dá gravar uma simples cena. Quantas vezes teria que repetir apenas porque o diretor quis, e sem maiores explicações. O pouco tempo que ela teria para fazer as coisas que gosta. Certamente pensaria duas vezes.

O jornalismo me rende o suficiente para sobreviver, levar uma vida digna e decente. Às vezes apertada, mas feliz. Acreditem, às vezes me divirto com os meus próprios apuros, e me divirto mais ainda quando me safo e me ponho a pensar neles.
É isso aí rapaziada. Eu bem que poderia estar agora num palco, fazendo uma coisa que gosto, e com uma gorda conta bancária. Mas, vejam. Eu prefiro estar aqui, escrevendo. E quando quero aplacar a chama na garganta, peço a ajuda de um amigo que saiba tocar um instrumento, ou corro para o Karaokê mais próximo. Assim, sou feliz. Pensem nisso!

2 comentários:

Lia Sergia Marcondes disse...

Olha... quanto à parte do dinheiro, nada tenho contra. Mas fama, também dispenso! :P

wellington disse...

Cristovao,
Ja passei por isso e concordo plenamente com voce.