terça-feira, 22 de junho de 2010

Quem tem medo do “Toque de Acolher”


Em todas as pesquisas e enquetes feitas por veículos de comunicação ou instituições interessadas no assunto, o “Sim” dá de goleada no “Não” em favor da implantação em Feira de Santana do “Toque de Acolher”, medida que foi adotada com sucesso no vizinho município de Santo Estevão e tem sido exemplo para outros municípios, inclusive de outros estados. Curiosamente, apenas as autoridades feirenses, relacionadas à infância e à juventude, têm se posicionado contra a medida, usando os argumentos mais estapafúrdios, deixando em segundo plano o desejo dos mais interessados, que são os pais dos menores.
Não dá pra entender. Em todos os municípios que adotaram a medida, o índice de criminalidade foi reduzido drasticamente. As autoridades feirenses, insensíveis ao apelo popular, focados apenas no que determinam as leis relativas aos menores (a maioria delas equivocadas), mostram-se incapazes de usar o bom senso, até mesmo para modificar tais leis, em benefício do bem comum.
Quem criou as leis de proteção à infância e à juventude estava muito bem intencionado. Afinal, as crianças pobres estavam sendo exploradas pelo mercado de trabalho escravo e de turismo sexual. Mas daí a entender-se que criança não deve trabalhar em qualquer situação, há um enorme equivoco. E dou aqui meu testemunho: comecei a trabalhar aos 13 anos de idade, e não carrego comigo qualquer trauma por isso. Pelo contrário, foram momentos felizes da minha vida, em que comecei a me sentir útil e responsável. Estudava pela manhã e trabalhava pela tarde. Que mais eu poderia querer?
Há leis também impedindo que os pais castiguem seus filhos quando incorrem em erros e desobediência. Há casos e casos. A sabedoria popular reza que “pé de galinha não mata pinto”. Um castigo, uma palmatória bem aplicada, ou uma básica palmadinha terapêutica, não faz mal ao moleque. Mas, daí ao espancamento, tortura física e moral, há uma grande distância. Eu nunca apanhei de verdade, mas levei muitos castigos, palmatórias e palmadas, e se querem saber, foram muito bem aplicados. Eu era o capeta em forma de guri. Se não tivessem botado um freio, eu não sei o que seria de mim hoje.
Longe de mim querer discutir direito com advogados, juízes, promotores e outras autoridades do poder judiciário. Não teria competência para tal. Mas uso o meu direito de cidadão, a minha responsabilidade de pai de família, e a minha responsabilidade de jornalista, para sugerir a abertura de um debate com a sociedade. Um plebiscito seria muito bem vindo.
Eu já faço uma idéia sobre porque tantos são contrários ao “Toque de Acolher”, mas não quero e expô-la. Ainda.

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