

O palco da
micareta
O primeiro palco da micareta foi a rua
Conselheiro Franco. Quando a rua ficou pequena para suportar a festa, ela
enveredou pelas praças Da Bandeira e J. Pedreira, e parte das ruas Marechal
Deodoro, Sales Barbosa e Avenidas Senhor dos Passos e Getúlio Vargas até o
cruzamento com as ruas JJ Seabra e Visconde do Rio Branco. Quando se falou em
transferir toda a festa para a avenida Getúlio Vargas, foi uma verdadeira
comoção municipal. Os tradicionalistas berraram a todos os pulmões contra a idéia.
Falou-se até que seria o fim da festa. A festa mudou e não acabou. Pelo
contrário, cresceu e melhorou. Mas até mesmo a avenida Getúlio Vargas se tornou
pequena para suportar o crescimento da festa. Surgiu então a idéia defendida
pelo radialista Tanúrio Brito, de mudar a festa para a avenida Presidente
Dutra. Foi outro Deus nos acuda. Teve até jornalista saudosista e avesso a
mudanças, dizendo que seria a “Micareta da Estrada”. Mas a festa mudou e está
lá até hoje. Todas estas mudanças atenderam ao apelo do bom senso, da
coerência, em nome da ordem pública no centro da cidade e no conforto dos
foliões. Agora a festa já causa novos transtornos e a avenida Presidente Dutra
já não é o seu palco ideal. Construir algo como um Sambódromo seria uma
iniciativa cara e inútil. Digo inútil porque já temos o espaço praticamente
pronto. Há anos defendo a adequação do Parque de Exposições João Martins da
Silva em um espaço multiuso, fazendo com que aquele elefante branco, que só
abre duas ou três vezes ao ano, seja utilizado em toda sua capacidade. O único
inconveniente que eu via era o acesso pela BR-324, mas agora já temos como
fazê-lo utilizando a avenida Nóide Cerqueira. Como sempre, só não o fazem se
não houver vontade política. E o pior é que a cidade sempre perde para a
politicagem.
Blocos
Eu estava entre os fundadores de pelo
menos dois blocos micaretescos e realizei bailes, lavagens e festivais de
chope. Em tudo isso contei com o mínimo apoio do poder público, na maioria das
vezes nenhum, e todo mundo brincou e se divertiu sem gastar muito. Saí de um
bloco quando ele virou um negócio, se profissionalizou, e do outro por falta de
motivação. Entendo que estas coisas precisam mais de animação do que de
dinheiro. Eu ouvi um sujeito dizer certa vez que havia passado mais de um mês
se alimentando de ovo com farinha, economizando dinheiro para comprar a
fantasia (mortalha, abadá, sei lá o que) de determinado bloco. Eu, hem? As
pessoas veem hoje nos blocos um espaço exclusivista e de ostentação, onde só
vai quem tem dinheiro, e em busca de questionável segurança oferecida pelas
cordas e cães de guarda. Ledo engano. A imprensa não noticia como deveria, mas
bandidos ficam à espreita para assaltar pessoas logo após pegarem suas
fantasias e pulseiras de acesso a bloco. Vestem-nas e desfilam ao lado dos
incautos foliões. Você acha que está em segurança, mas pode estar se envolvendo
com um perigoso bandido e é vítima potencial de um sequestro ou estupro tão
logo deixe o circuito da festa. Aliás, enquanto a polícia desfila no circuito,
em meio aos trios e foliões, os bandidos aguardam nas cercanias para roubar
quem deixa o circuito para ir embora. Como geralmente estão embriagados, são
vítimas fáceis. Por isso as festas em pequenas comunidades como a Kalilandia,
são mais seguras e tranquilas, porque em geral os participantes se conhecem e
moram por perto.
Tracajá
O Bloco Tracajá, desfila no domingo (26) de micareta e será puxado pela
fanfarra de São Gonçalo dos Campos, a partir das 13 horas. As camisas
estão disponíveis no Bar Resenharia, no Restaurante Casa do Sertão e no
Boteco do Vital. Para adquirir basta levar um vasilhame de vidro
para armazenamento de leite materno e um pacote de fralda geriátrica, que serão doados para o Banco de Leite do Hospital da Mulher e Lar do Irmão Velho, respectivamente. Idealizado pelo fotojornalista Reginaldo Tracajá, o bloco resgata a tradição das marchinhas que faziam a alegria dos antigos carnavais. Iniciado como uma brincadeira na redação do Jornal Folha do Norte, hoje o Bloco Tracajá tem um público fiel. Sem fins lucrativos, tem um único objetivo: promover a alegria lembrando o folclore e fortalecendo a cultura regional.
Samu
Graças a Deus os funcionários do Samu desistiram
da paralização e vão trabalhar durante a micareta.
Segurança
Com os policias locais tudo vai bem,
mas o bicho costuma pegar é com os que veem de fora. Parece que eles veem
contrariados, cheios de mau humor porque estão trabalhando enquanto os outros
se divertem, e tudo é motivo para espancarem pessoas. Nunca esqueço das imagens
do tenente que espancou o folião bêbado por nada. E também deu em nada. O
tenente parecia estar se vingando de alguma coisa, ou defendendo sua religião,
espancando satanás, ou quem sabe lembrando seu pai torturador. Normal aquele
sujeito não é.
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Por hoje é só que
agora eu vou ali me divertir num baile micaretesco entre amigos
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