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| César Oliveira | 
A violência que domina o Brasil, com 68 mil mortes, é um assunto muito 
complexo e com variadas causas para que seu fim ou ampliação dependa 
unicamente da proibição ou liberação de armas, como faz crer o debate 
nacional, com o decreto de Bolsonaro, ainda bastante restritivo. Há 
países, como o nosso, em que a proibição teve impacto zero, e não 
impediu que nos tornassemos o país mais violento do mundo, e, outros, 
com armas liberadas em que as taxas de mortes são infinitamente menores 
do que as nossas. 
 As pesquisas existentes, publicadas na literatura, são sujeitas a 
muitas váriaveis e tem, por vezes, resultados controversos. Dados 
recentes publicados na revista JAMA( jornal médico) mostra que essas 
armas acabam resultando em mortes dentro do círculo de relação do 
portador da arma e suicídio. Não porque armas levem ao suicídio, mas é 
uma alternativa, para quem tomou essa decisão e não será impedido pela 
falta dela.
 Do mesmo modo, o impacto para defesa pessoal é muito limitado, até 
porque os bandidos atacam de surpresa e nem sempre é possível ter acesso
 a arma para a defesa. Casos isolados de sucesso não represenrtam a 
realidade. É certo, no entanto, que em certas condições de isolamento, 
em que o Estado está ausente, a posse de uma arma pode, ocasionalmente, 
ser a única chance de alguém.
 Quem defendee ter uma arma, como meio para sentir-se mais seguro, tem 
suas razões e merece ser ouvido. E a ideia da arma como poder de 
dissuação não pode ser afastado.
 Quem toma a decisão de usar arma contra alguém, o fará, independente do
 decreto, assim como cidadãos de bem não sairão por aí atirando a toa 
porque possuem uma arma, após atender os critérios exigidos.
 Sinceramente, não creio que uma arma em mãos sem habilidade seja útil e
 acho que a medida terá impacto zero na violência. Não mudará a dolorosa
 estatística nacional ( que dependerá de outras intervenções para 
reduzir o número de mortes), nem tampouco ampliará a epidemia.
 Os casos isolados, entretanto, servirão a todo tipo de discurso.

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