quinta-feira, 6 de maio de 2021

O bloco que saiu, mas não desfilou

 

       O título dessa matéria poderia ser muito bem “A volta dos que não foram”, mas para evitar problemas de direitos autorais fica sendo mesmo o bloco que saiu mas não desfilou. Essa estória começa quando eu estava certo dia, como sempre, reunido com amigos no meu Uisquetrório preferido, o “Boteco do Vital”. Era um sábado, por volta de 13 horas, quando passou de carro ninguém menos que o jornalista e promotor de eventos, José Carlos Pedreira, o “Zé Coió”. Passou e viu um monte de gente que ele conhecia, e resolveu parar pra falar com o pessoal. Segundo ele, ficava intrigado, porque o bar era pequeno, sujo e mal localizado, e ele não entendia por que tanta gente gostava de beber ali. Logo ele descobriu que o dono do bar, Vital, era uma excelente pessoa, fazia uns petiscos de galinha assada ou cozida que eram uma delícia, tinha uma imensa variedade de cachaças de folha e uma variedade de bebidas que satisfazia aos clientes mais exigentes e também aos “pés rapados”.

A clientela era composta quase todas de homens, e ninguém se importava se o sujeito ao lado era branco, preto, vermelho, judeu, católico, mulçumano, ou se era filiado a algum partido político. O importante era beber, se divertir e não chatear os outros com fofocas, maledicências, e outros azedumes ou xaropadas do gênero. Ali o importante era ser feliz e não se importar com as brincadeiras dos amigos.

         Zé Coió ficou tão animado, que prometeu que iria arranjar tintas para pintar o bar. Quando ele cumpriu a promessa, Vital se animou e disse que faria algumas reformas antes de pintar. Catatau e Jorge Pinel, disseram que arranjariam tábuas para um forro. E arranjaram. E ajuda daqui, ajuda dali o bar foi ficando um brinco. Como já se aproximava a Micareta, Caguto sugeriu inaugurar a reforma do bar com uma “Lavagem” pré-micaretesca, e prometeu dar as camisas para o evento. Cescé prometeu colocar o som e foi formado um grupo de músicos para animar a festa. Daí foi um pulo para se arranjar palanque, gambiarras e todo o necessário para a realização da 1ª Lavagem do Boteco do Vital. A primeira de muitas que viriam depois. Numa delas, alguém sugeriu que seria bom se tivéssemos um carro de som que fosse, para “puxar”  o que seria o “Bloco do Boteco” e dar uma volta na avenida (A Micareta ainda era na Av. Getúlio Vargas, há um quarteirão de distancia da “Sede” do bloco.

Àquela época apareceram por lá e se tornaram clientes dois rapazes que representavam o “Fumo do Cavalinho”, que tinham um grande carro de som padronizado, que fazia a propaganda da empresa deles em eventos. Logo eles ofereceram o carro do “Fumo do Cavalinho” para puxar o bloco. Tava tudo muito, tudo muito bem, mas algo me dizia que aquele bloco não iria desfilar. No dia acertado para o desfile, tava todo mundo lá, vestindo a camisa do bloco e tomando umas e outras para “esquentar”. E o carro de som lá, rolando música de carnaval e todos sentados às mesas, enchendo a cara. A mulherada (depois da reforma, a frequência de mulheres aumentou muito) se animou e se esmerou em customizar as camisas, realçando suas cores e estilos. Então alguém convocou: Tá na hora do desfile pessoal. Metade da turma se levantou e foi para junto do carro de som. O carro se movimentou pela rua Comandante Almiro em direção à avenida Getúlio Vargas e a turma foi atrás. Mas quando chegou a hora de entrar na avenida, mudaram de idéia e fizeram o carro dar meia volta e voltar para o bar, onde a outra metade dos “foliões” aguardavam confortavelmente a volta do “Bloco”, sentados às mesas, beliscando petiscos, ouvindo uma boa música e bebendo suas bebidas preferidas. “Ir para o meio da confusão, pra que”? Argumentou um dos “arrependidos”. E foi assim que o bloco saiu. Mas, não desfilou”.

 

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