sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Douglas: Uma justíssima homenagem


O jogo do Esporte clube Bahia neste sábado (13), contra a Portuguesa de Desportos, no estádio de Pituaçu, será marcado por homenagens. Uma delas, no que me diz respeito, muito especial. No intervalo do primeiro para o segundo tempo, no saguão de entrada do estádio, o ex-jogador Douglas, ídolo do Bahia na década de 70, estará presente, prestigiando a recolocação da placa simbólica do primeiro gol do estádio, que foi marcado por ele no jogo de inauguração, disputado em 11 de março de 1979, com um triunfo de 2 a 0 do Bahia sobre o Fluminense de Feira.
A placa foi retirada na ocasião da reforma do estádio em 2008 e foi refeita com uma concepção mais moderna, combinando com um dos estádios mais modernos do País. Morando atualmente em Barretos, São Paulo, Douglas já está em Salvador, na expectativa do jogo de sábado. “Pra mim foi uma grata surpresa porque tem mais de 30 anos que fiz esse gol e sabia que já existia uma placa. Eu queria agradecer por essa lembrança. No dia do jogo, eu não tava ligado em fazer o primeiro gol do estádio, mas vejo que foi muito importante. E vai ser muito bom esse contato com a torcida do Bahia”, disse o ex-atleta, que jogou no Bahia de 1972 a 1979, marcando 211 gols.
Digo que esta homenagem a Douglas é especial para mim porque, como torcedor saudável do Bahia, vivi grandes momentos de alegria nos estádios (quando ainda os freqüentava) graças a esse belo jogador. Dava gosto ver Douglas jogar e constatar o amor que ele sentia pelo Bahia, cuja camisa parecia ser a sua segunda pele. Foram feitos um para o outro.
A relação de Douglas com o Bahia começou de forma inusitada. Ele jogava no Santos, de Pelé e outros craques da bola, e talvez por isso o seu talento e sua estrela não brilhassem tanto. Colocado em disponibilidade pelo clube, Douglas tinha duas passagens nas mãos, uma para a Bahia e outra para outro estado do qual agora não me recordo o nome. Ele escolheu e pegou o avião para a Bahia.
Quando desceu no aeroporto 2 de julho, diz-se que ele foi direto para a Colina Sagrada de Senhor do Bonfim, para agradecer a Deus pela sua vida, pois, segundo contam, o outro avião, o que ele não pegou, havia caído. Que eu me lembre, Douglas jogou no Bahia até o fim da sua carreira de jogador. Mas uma coisa que me marcou foi um depoimento da sua esposa dado a um jornal de Salvador. Segundo ela, quando Douglas perdia um jogo, chegava em casa triste e abatido. Mas quando, vencia, nos seus olhos havia o brilho dos heróis.
Eram outros tempos. Tempos de bom futebol, marcados pelo amor que os jogadores nutriam por seus clubes e a rivalidade entre as torcidas era algo sadio. Tempos em que os jogos aconteciam a partir das 16 horas dos domingos e às 20 horas nos demais dias da semana, dando tempo aos torcedores chegarem em casa cedo, em segurança, e prontos para o trabalho no dia seguinte. Tempos em que honra, bom caráter e amor á camisa não eram negociáveis.
Claro que sempre houve cartolas e jogadores oportunistas e de mau caráter, que exploravam a boa fé dos seus jogadores e torcedores. Um dos maiores ídolos do futebol brasileiro, Garrincha, foi uma das vítimas destes cartolas e dos seus próprios colegas que o aleijaram. Tantos uns como outros, em sua maioria, acabaram pobres e esquecidos. Mas em toda regra há exceções e Douglas foi uma delas.
Hoje ele não reside mais na Bahia, voltou para o Estado de São Paulo. Deve ter suas justas razões. Mas com certeza ainda carrega a Bahia e, principalmente o Bahia, no coração. Até porque os torcedores do Bahia nunca o esqueceram nem esquecerão.
Obrigado Douglas, pelo belo jogador que você foi e por todas as alegrias que nos deu.

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