sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Não se exige educação a quem não tem


Educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social, incluindo ainda o conhecimento para a prática dos usos sociais como gentileza e cortesia. “Eduquem-se as crianças e não será necessário punir os homens”, disse Martin Luther King.
Mas, não se pode exigir educação de quem nunca a recebeu ou dela faz pouco caso. Talvez por isso mais de 250 projetos de lei na área da educação tramitam no Congresso Nacional propondo a criação de novas disciplinas ou mudanças no conteúdo do currículo escolar, de forma estapafúrdia.
Dentre as propostas de disciplinas dos parlamentares estão educação para o trânsito, ensino do esperanto, educação financeira, ecologia, direitos do consumidor, xadrez, ética, cidadania, direito constitucional, introdução ao turismo, história da MPB, respeito à liberdade de consciência e convívio social, cultura de paz, cooperativismo, males da dependência química, Cidadania Participativa, história dos povos e das culturas ciganas brasileiras, música, libras, técnicas de manuseio de agrotóxicos, gravidez precoce preservação patrimonial e a obrigatoriedade do estudo da Bíblia Sagrada, além da volta da educação moral e cívica.
Tentando mostrar serviço os parlamentares vão elaborando projetos sem o necessário conhecimento para tal, e sem ouvir quem entende do assunto. A grade curricular do ensino brasileiro já está uma “zona”, mesmo sem a contribuição de deputados leigos e semi analfabetos, cujo único mérito foi conseguir levar no bico um significativo número de eleitores, em sua maioria, leigos e semi analfabetos como eles.
Muitas das “disciplinas” propostas pelos parlamentares estão embutidas na essência das disciplinas já existentes e se não são assimiladas pelos alunos é porque o sistema educacional brasileiro está prenhe de professores mal pagos, escolas mal equipadas, e diretores e pedagogos incapazes ou desmotivados diante do caos reinante no setor. É antiga a máxima de que na escola pública brasileira o governo finge que paga aos professores que fingem que ensinam a alunos que fingem que aprendem.
Hoje eu vejo em alunos do ensino médio a ausência de conhecimentos que adquiri no primário, e em alunos de cursos superiores conhecimentos que adquiri no ensino médio. Não sou superdotado, apenas tive acesso a um ensino público de melhor qualidade que o atual. Vivi numa época em que era vergonhoso estudar em escola particular, onde o “papai pagava e o filhinho passava”.
Hoje o ensino particular virou um excelente negócio e o ensino público está um caos, não ensina nada a ninguém. Os alunos do ensino público sequer têm segurança, estão sempre expostos a ação de ladrões e traficantes de drogas, porque o Estado, que deveria garantir a sua segurança é composto por gente que não tem e nem sabe o que é educação e civilidade.

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