Eu não tenho o direito de ter preconceitos. Principalmente de raça, porque, apesar de ser branco, Deus me abençoou com quatro irmãos negros. Uma linda mulata e três negões retintos, que além de irmãos são meus amigos. Também não posso ter quaisquer outros tipos de preconceitos, porque sou jornalista e preciso ser imparcial e conhecer bem os fatos que noticio para não passar aos leitores uma idéia errônea sobre os fatos. Tampouco posso ter preconceito religioso, pois desde cedo aprendi que o criador do universo é o pai de todos nós e que nos deu livre arbítrio para pensar e decidir sobre os caminhos que iremos trilhar.
E é por isso que fico indignado diante de qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Eu não me considero melhor ou pior que ninguém, e também não encaro as pessoas como seres separados em grupos étnicos, castas, nem nível cultural ou social ou coisa que valha. Repito: Somos todos iguais, filhos de um mesmo Pai Criador.
Contudo, não tolero desrespeito por conta de quem quer que seja. Pode ser o Papa ou a Rainha da Inglaterra. Se quer o meu respeito, tem que me respeitar. Não vejo porque ninguém deva se submeter à autoridade de alguém que não sabe respeitar nem se dar ao respeito. Se querem exigir de mim algum comportamento exemplar, então que dê o exemplo.
E aí me vem à mente a estória da dama de companhia que penteava o cabelo da princesa e, em dado momento, o pente enganchou, puxando o cabelo da princesa que reclamou: Cuidado! Não sabe que sou filha do rei? E a pobre dama retrucou: E a senhora não sabe que eu sou filha de Deus? A isso se chama dignidade.
O arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Itamar Vian, escreveu certa vez um artigo sobre o que chamou de “Padre Exemplo”. Uma metáfora usada por ele para dizer que o melhor doutrinador, o melhor pastor de almas, é aquele que pratica o que professa. Que dá o exemplo da conduta correta para quem quer se fazer respeitar. Seja exemplo da conduta que você espera e exige do seu semelhante.
E foi no final dos anos 60, uma época em que se discutia muito esta questão de racismo, e Martin Luther King fazia sua cruzada antirracismo nos Estados Unidos, que eu cantei uma garota no colégio em que estudava e ela me rejeitou dizendo: Sai daqui seu ‘Amarelo Empapuçado’.
Eu poderia até ter me ofendido, mas, cuca fresca que sou, até que ri e tirei proveito da idéia. A partir daquele dia eu não seria mais branco, negro, vermelho ou pardo. Descobri que eu tinha uma cor neutra. Amarelo Empapuçado. E estamos conversados. Preconceito? Tô fora!
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