quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Companhia brasileira ganha o prêmio de pior empresa do mundo

Na última sexta-feira, foi anunciado o vencedor do The Public Eye Awards, prêmio que elege a pior empresa do mundo. No dia 13 de janeiro, o Ideias Verdes apresentou um resumo sobre a indicação de cada uma das 6 finalistas deste ano.

A lista incluiu, pela primeira vez, uma companhia brasileira, a Vale, que, com pouco mais de 25 mil votos, levou o “troféu” de pior do mundo. O resultado foi anunciado durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

O segundo lugar ficou com a Tepco, companhia de energia do Japão que opera os reatores da Usina de Fukushima. Depois, vieram Samsung, Barclays, Syngenta e Freeport, classificadas nesta ordem.
A Vale colocou no ar o site Vale Esclarece, no qual se posiciona oficialmente e apresenta argumentos para explicar os motivos listados pelo The Public Eye Awards na sua indicação ao prêmio.

Banner usado durante a votação: “Nós transformamos florestas em minas e barragens. Não importa como”
Sobre as condições desumanas de trabalho, por exemplo, a empresa diz que “assinou acordo coletivo no ano passado com quase todos os sindicatos de trabalhadores que representam seus empregados no Brasil” e citou o lançamento do seu Guia de Direitos Humanos, resultado de uma Política de Direitos Humanos criada internamente em 2009.

No Guia, apresenta diretrizes de conduta em relação a situações como trabalho escravo e infantil, comunidades tradicionais e remoção de famílias devido a implantação de projetos e empreendimentos.
Por outro lado, foi lançado este mês a publicação Como as Corporações Governam (Vale – Liderando o lobby corporativo para facilitar compensações e outras falsas soluções “verdes”), da rede Amigos da Terra Internacional.

O documento diz que “é difícil dizer quando a empresa opera no interesse dos acionistas privados ou no do governo. Da mesma forma, é difícil saber quando os governos decidem em favor da população ou a favor de corporações como a Vale” e cita, dentre outras coisas, a atuação da Vale na exploração de carvão em Moçambique, na África (o projeto, quando estiver em plena operação, deverá produzir cerca de 11 milhões de toneladas do produto por ano):
“Além dos impactos ambientais inerentes a mineração de grande escala de carvão a céu aberto, cerca de 1.300 famílias foram obrigadas a se deslocar para abrir caminho para as minas. (…) As moradias fornecidas para o reassentamento foram construídas com goteiras e sem alicerce. (…) São oferecidos aos trabalhadores locais contratos de curto-prazo com poucos direitos trabalhistas”.

Segundo a Vale, “houve consulta às comunidades e pessoas afetadas, incluindo-as nos processos de tomada de decisão. Criaram-se mecanismos para reclamações, para receber e resolver preocupações específicas relacionadas à compensação e ao deslocamento. (…) o Banco Mundial que, assim como o governo local, acompanhou todo o processo, referendou em seu relatório o reassentamento como um exemplo de boas práticas”.

Como ela chegou lá
A indicação da Vale ao prêmio foi feita pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (International Network of People Affected by Vale), que em 2010 lançou o Dossiê dos Impactos e Violações da Vale no Mundo, que contextualiza a atuação da companhia com a apresentação de fatos históricos, dados, depoimentos e estudo de caso, e é considerado “parte fundamental” da articulação entre grupos e pessoas atingidas negativamente pelo trabalho da empresa.

A Articulação é representada pela organização brasileira Rede Justiça nos Trilhos e as ONGs Amazon Watch e International Rivers, parceiras do Movimento Xingu Vivo para Sempre.

Um os argumentos que levou a Vale à lista de finalistas é a sua participação na construção da Usina de Belo Monte. Ao rebater, a empresa afirma que “a aquisição de participação no projeto Belo Monte (9%) é consistente com a estratégia de crescimento da empresa, garantindo o suprimento de parte de suas necessidades futuras no Brasil”. (Super Intessante - http://super.abril.com.br/)

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