sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A falta que ela não faz

    Espero que essa greve da Polícia Militar acorde a população para algumas coisas que sabemos que existem, mas fingimos que não vemos e, o que é pior, nada fazemos para resolver a situação. Em que pese o imenso prejuízo sofrido pelo comércio, principalmente porque, propositalmente, a greve foi deflagrada às vésperas do Carnaval, eu diria que poderíamos tirar alguns ganhos do episódio. Não ganhos materiais, é claro, mas ganhos em aprendizado.

    Por exemplo. Sabemos que as polícias estão corrompidas e que o corporativismo fala mais alto que o senso de justiça. É claro que, como em toda regra, há exceções. Não faz muito tempo, um jovem foi barbaramente espancado por dois policiais na Avenida João Durval Carneiro, um episódio que teve imagens captadas por câmeras de segurança e publicadas na TV. Na oportunidade, um comandante teve a desfaçatez de vir a público dizer que aqueles eram bons policiais. E eu disse que se aqueles eram os bons, eu não gostaria de conhecer os maus.

    Alguém tem notícia do que aconteceu com aqueles dois gorilas? Foram presos? Foram julgados e condenados? Algum político ou autoridade militar veio a público prestar satisfações à população e dizer que justiça foi feita? Não! Nada! Nem uma palavra. Ninguém sabe de nada.

    Quando acontece um roubo e se liga para chamar a Polícia, quase nunca ela vem. E se vier e conseguir prender o ladrão, o produto do roubo nunca é encontrado e a explicação é de que o bandido deve ter passado o roubo para um comparsa que ninguém sabe quem é e nunca é encontrado. Mas se o roubo foi contra alguma instituição financeira, que movimenta grandes somas em dinheiro, vem viatura até de outras cidades participar da caça aos ladrões.

    Isso me faz lembrar o episódio ocorrido quando um avião caiu num município vizinho, e descobriu-se que estava cheio de dinheiro. Os curiosos, percebendo que o piloto havia morrido e vendo aquela dinheirama toda, ali, sem dono, resolveram pegar para si o que não era deles. Está errado, é claro, mesmo a origem do dinheiro sendo duvidosa. Mas, o que aconteceu. Policiais à paisana foram lá, à noite, invadiram casas, espancaram moradores, para que lhes dessem o dinheiro retirado do avião e denunciasse quem mais havia pegado na grana.

    A tal sensação de insegurança, que dizem que é causada pela ausência de policiais nas ruas, é a mesma que sentimos quando eles se fazem presentes. O jovem espancado que o diga. Vivemos entra a cruz e a espada. Já não sabemos quem é pior, se a Polícia ou os bandidos.

    Mas tudo isso tem uma razão de ser. Os poderes constituídos também estão corrompidos. São políticos quem dão cobertura a policiais bandidos. Vejamos a caso da greve. Agora o governador Wagner quer a prisão dos líderes grevistas, mas quando deputado de oposição, em 2001, ajudou e financiou os grevistas, defendendo o direito que tinham de fazer greve. E o seu maior aliado era justamente Masco Prisco, que agora está preso.

    Nós, pobres mortais, só podemos rezar e pedir a Deus que não coloque em nosso caminho bandidos nem policiais, porque caso isso aconteça, são grandes as chances de sermos roubados, espancados ou mortos. Valei-nos, Senhor Jesus!

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