O lúpus (lúpus eritematoso sistêmico – LES) é uma doença autoimune que afeta 5 milhões de pessoas
no mundo. A grande característica do lúpus é um tilt no sistema
imunológico: os glóbulos brancos passam a atacar tecidos saudáveis, e o
resultado são fortes inflamações nos tecidos — incluindo órgãos vitais,
como pulmões e cérebro.
A causa exata da doença sempre foi nebulosa. Acreditava-se que ela era desencadeada por uma combinação
de genética e fatores ambientais, como a exposição a raios
ultra-violeta. Além disso, os sintomas também são confusos: eles variam
muito de pessoa para pessoa, e mudam com o passar do tempo. Isso torna
os diagnósticos mais difíceis, já que, não raro, o lúpus acaba
confundido com outras doenças.
Cientistas da Universidade Nacional da Austrália, porém, trazem uma
boa notícia. Eles descobriram quais mutações genéticas são responsáveis
pelo lúpus. E isso pode significar uma revolução.
“O lúpus é muito difícil de diagnosticar. Você têm muitas doenças que
se parecem com lúpus, cheiram a lúpus, mas não são lúpus.”, disse o Dr. Simon Jiang, principal autor do estudo.
Atualmente não há nenhum teste específico para diagnosticar o lúpus.
Isso é feito a partir de exames de sangue, urina e de sintomas clínicos –
que variam de cansaço e dor a inflamações dermatológicas, incluindo uma característica erupção em forma de borboleta nas bochechas e nariz. Quando o paciente já apresenta inflamações em órgãos vitais, dificilmente consegue-se reverter o quadro.
“Já comecei a tratar pessoas que têm essas mutações genéticas com
terapias direcionadas, em vez de bombardear seu sistema imunológico com
tratamentos inespecíficos, que têm muitos efeitos colaterais — que é a
base atual da terapia.”, acrescenta o autor.
Para chegar às conclusões do estudo, publicado no periódico Nature Communications,
os pesquisadores analisaram a composição genética de 69 pessoas com
lúpus e 97 idosos saudáveis. Os cientistas descobriram que os pacientes
com lúpus apresentam mutações raras em certos genes.
Essas variantes identificadas pela equipe levam a um aumento da atividade de uma proteína chamada IFN T1 .
Essa proteína tende a prejudicar a capacidade das células B (um tipo de
glóbulo branco) de funcionar adequadamente. Essas células de defesa
produzem anticorpos para combater infecções, mas, quando não estão
funcionando como deveriam, elas confundem as próprias células do corpo
com bactérias e vírus invasores – e passam a canibalizar os tecidos.
Com a nova descoberta, o diagnóstico do lúpus poderá ser mais rápido,
e bem mais eficaz: bastaria, em tese, verificar se o paciente possui ou
não a tal mutação genética – o que dá para fazer em algumas semanas. (Super Interessante.)
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