sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ah! A sabedoria popular


Os ditos populares, em sua grande maioria, são prenhes de sabedoria. Mas, eu creio que eles foram forjados em uma época em que as pessoas, até por ter tempo e/ou necessidade, eram levadas a pensar. A vida diária não era nada cômoda sem a tecnologia atual, então, para dar conta da lida diária e para lidar com os problemas que se apresentavam, tornava-se imperativo pensar.
Hoje em dia as pessoas não são induzidas a pensar. A mídia pensa por elas. As respostas às perguntas já vem prontinhas e o povo põe na boca como se delas fossem as idéias. A propaganda faz com que as pessoas ajam de acordo com o que espera o mercado. Consomem tudo sem nem atentar para os perigos e armadilhas que o mercado prepara para elas.
As pessoas se tornaram carroças vazias, aquelas que rodam fazendo muito barulho por falta de conteúdo. Mas apesar de vazias de pensamentos, idéias e conhecimento, as pessoas querem se expressar, querem falar, comentar e emitir opinião. A aí, quando ouço um grupo de pessoas conversando eu me ponho a perguntar se ainda há sabedoria popular.
As pessoas falam sem conhecimento de causa, mas querem impor suas opiniões a qualquer custo. Dias desses ouvi dois amigos discutindo religião, mas sem nenhum conhecimento para tal. Tudo era na base do “achismo”. Sem nenhum argumento que pudesse sustentar suas opiniões. Eu, que estudo religiões desde a adolescência, sei que a fé é uma coisa de foro muito íntimo, e que ninguém tem o direito de interferir ou procurar incutir sua própria fé em outras pessoas. Achei aquela discussão um absurdo. Mas, talvez o chato seja eu, que espero encontrar conteúdo em conversas de mesa de bar, onde as pessoas querem apenas conversar livremente, sem objetivo ou compromisso.
Mas as pessoas querem falar, querem opinar. Percebendo isso um grupo de um programa humorístico foi às ruas fazendo perguntas absurdas aos transeuntes. Se um microfone já causa paralisia mental em algumas pessoas, se vier acompanhado de uma câmara de TV então, causa verdadeira comoção. E aí as respostas fluem em profusão, sem que o entrevistado sequer tenha prestado atenção nas perguntas.
Foi divertido ouvir o “repórter” fazer perguntas assim:
- O senhor não acha que a Prefeitura deveria colocar mais pontos cardeais na cidade?
-Claro, são poucos os nossos pontos cardeais. Deveria ter mais.
- O que a senhorita acha que o governo deveria fazer com os dinossauros que atuaram no filme Jurassic Park? Exterminá-los, colocá-los num zoológico ou soltar na floresta amazônica?
- Ah! Deveria soltar na floresta pra eles ficarem fazendo a maior zona por lá.
E aqui, tal qual dizia Raul Seixas, eu repito: “Quando acabar, o maluco sou eu”.
Me tragam um alka seltzer!

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