sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Insisto: o problema vai além dos limites do morro do Alemão


O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral defendeu esta semana a descriminalização de alguns tipos de drogas ilícitas alegando que a proibição tem gerado muito mais prejuízo do que uma ação inteligente do poder público. “Acho que a maconha seria o primeiro teste, de maneira organizada, fiscalizada”, disse o governador, para quem as drogas mais leves deveriam passar por um processo de descriminalização. Cabral defende uma ação gradual, com apoio científico. “Não é uma coisa para se fazer de supetão. Acho muito melhor enfrentar o tema do que ficar nesse processo de repressão”, completou. Assino embaixo.

Há muito tempo venho dizendo que a proibição do uso de drogas é a principal razão dos altos índices de criminalidade e de corrupção dos poderes públicos. Não só a proibição de drogas como também a proibição de jogos de azar e até de briga de galos. O poder público não tem que estar nos dizendo o que podemos ou devemos fazer ou não. Ele existe para zelar pela ordem, pelo cumprimento das leis e pela aplicação da justiça. Mas foge às suas funções e envereda por caminhos que não lhe compete por conta da hipocrisia e ignorância reinante no seio da sociedade.

Afinal, estamos ou não numa democracia? Somos ou não cidadãos cônscios dos nossos direitos e deveres, responsáveis pela nossa conduta? Queremos ou não viver livres e de acordo com a nossa vontade? Se a resposta é sim precisamos começar por respeitar os direitos dos outros, conviver com os diferentes e as diferenças. Não faz muito tempo eu ouvi um músico dizendo que o governo deveria proibir a execução de músicas de má qualidade. Perguntei a ele, que, a meu ver não faz uma música de boa qualidade, o que seria música de boa qualidade. Em seguida fi-lo entender que ele estava advogando em causa própria e, ao contrário do seu próprio discurso de democrata, buscando tolher as escolhas das pessoas.

Cada ser em si é único. Seu modo de pensar e agir é exclusivamente seu e a sua opinião deve ser respeitada. É somente quando suas atitudes começam a trazer danos ao seu próximo que as autoridades devem interferir para fazer prevalecer a razão e os direitos de cada um. Se um indivíduo gosta de determinada coisa que eu não gosto, o problema é dele. Mas se ele tenta me obrigar a gostar das mesmas coisas que ele gosta, o problema é nosso e teremos que resolvê-lo, se necessário, com a interferência do poder público, das autoridades constituídas.

Se o indivíduo quer fumar maconha, namorar com outros homens, ser devoto de Buda ou Cristo, que tenho eu a ver com isso? Deixa ser feliz ao modo dele. Ele pode até ligar o som e ouvir o Bonde do Tigrão, desde que não queira me obrigar a ouvir também. Na escola me ensinaram que o meu direito termina quando o do próximo começa. Uma excelente regra de convivência que, se estimulada nas crianças, evitaria muito da violência à qual hoje estamos expostos em todos os lugares.

Um comentário:

Alex disse...

Senhor Cristóvam, com todo respeito que lhe tenho, mas me admiro com essa sua opinião:

"Há muito tempo venho dizendo que a proibição do uso de drogas é a principal razão dos altos índices de criminalidade e de corrupção dos poderes públicos.".

Sua opinião sugere que o crime é uma "invenção" das drogas, que é coisa moderna. Sendo assim eu diria que quando Jesus falou em Lucas 10 30. Ele se referia ao futuro remoto, e não ao cotidiano de sua época.

As drogas não passam de mais uma modalidade de crime. Penso que não é legalizando o roubo, o sequestro ou das drogas que acabaremos com a criminalidade, mas gostaria da pena de morte para acabar com o criminoso.