Nesta data, 13 de julho, comemora-se o
dia mundial do Rock. No Brasil o rock começa na década de 1950, mas apenas com
força em 1970. A primeira gravação do rock foi com Nora Ney e mais tarde,
escrito por Miguel Gustavo, o primeiro rock foi gravado por Gauby Peixoto. Na
década de 1960 surge um dos maiores cantores do rock e posterior da Musica Popular
Brasileira, Roberto Carlos, que teve os sucessos Splish Splash" e "Parei
na Contramão". No ano seguinte, obteve mais sucessos como "É
Proibido Fumar" (mais tarde regravada pelo Skank) e "O
Calhambeque".
Aproveitando o sucesso, a Rede Record
lançou o programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto
("Rei"), seu amigo/parceiro Erasmo Carlos ("Tremendão") e
Wanderléa ("Ternurinha"). Só nas primeiras semanas, atingira 90% da audiência.
Paralelo ao programa Jovem Guarda, Jerry
Adriani apresentava o Excelsior a Go Go, da TV Excelsior e a Grande Parada na
TV Tupy. (1967/1968). Jerry também aproveitou de sua fama para dar apoio a
novos artistas. Ele, por exemplo, foi um dos primeiros a incentivar um então
pouco conhecido Raul Seixas. Raulzito e os Panteras atuaram como banda de apoio
de Jerry por três anos. O cantor gravou músicas de Raul (“Tudo que é bom dura
pouco”, “Tarde demais” e “Doce doce amor”) e foi produzido pelo maluco beleza
entre 1969 e 1971.
No
inicio da década de 1990, Jerry se dedicou a um disco sobre as origens do rock,
com o nome "Elvis Vive". Neste ano ele iria gravar um disco especial com
músicas de Raul. E é sobre esse precursor do rock no Brasil que falaremos a
seguir.
“Era lá pelo amanhecer dos anos de 1970
quando Jerry Adriani chamou Raulzito para cantarem só os dois, sentados na
sala, de violão em punho, sem sonhos nem ilusões. Não precisavam mais disso. O
baiano Raul já havia chegado ao Rio para fincar as vigas de sua seita e o
paulista Jerry não andava mais nas ruas com a tranquilidade dos anônimos. Ali,
lado a lado, como compadres que eram, Jerry só queria de Raul a beleza da
verdade do instante, a força das primeiras ideias. Era manhã. Raul deu mais um
gole na vodca e chorou. Chorou e depois riu e depois chorou de novo. Estava
bêbado. Não tocou nada, mas disse, mais com o hálito do que com palavras, que
Raulzito se transformava perigosamente em Raul Seixas.
Jerry e Raul
Jerry também
havia passado por sua transformação. Antes de surgir 1964, era Jair Alves de
Sousa, garoto do Brás, voz firme, topete laçador e altíssimo potencial de galã.
Os tentáculos da Jovem Guarda de Roberto, Erasmo e Wanderléa já o tinham
alcançado e o colocado diante das plateias mais estridentes. Uma delas estava
no clube Bahiano de Tênis, em Salvador, espaço elitista de pouca tolerância com
as classes mais populares e palco de aproximação profética de duas linhagens do
rock brasileiro: Jerry Adriani e Raul Seixas.

Depois de ver Raul na Bahia, no dia do show ou
na turnê seguinte, Jerry lançou uma cruzada para levar o roqueiro ao Rio de
Janeiro. Raulzito e os Panteras eram bons demais como "banda de luxo"
de Salvador, tocando nos melhores clubes para os maiores artistas de rock que
baixavam na Bahia daqueles tempos, mas podiam mais. De olho em Raulzito, sem
fazer tanta questão assim dos Panteras, Jerry comprou briga com o todo-poderoso
da gravadora CBS no Brasil, Evandro Ribeiro, e o convenceu de que aquele baiano
seria um bom produtor para os seus discos. Assim que Raul chegou ao Rio,
atendendo aos seus apelos, foi trabalhar na CBS produzindo primeiro três discos
de Jerry e depois outros artistas, compondo, aprendendo e iniciando uma das
metamorfoses ambulantes mais flagrantes da música brasileira. Morria a
ingenuidade brejeira de Raulzito, nascia o mito de Raul Seixas - com tudo de
mais espetacular e trágico que a ideia poderia significar. "Eu conheci
Raulzito, nunca tive nada com Raul Seixas", diz Jerry Adriani.
Ele mesmo,
Jerry, é a engrenagem principal desse processo. Sem saber ao certo o que fazia,
colocou Raul em uma grande gravadora na cadeira de produtor, uma espécie de
sala com vista privilegiada para o mar. Era ver, ouvir e absorver. Assim que o
vulcão despertasse, ninguém o seguraria. "Eu fiquei impressionado com o
fato de ele ter conseguido concretizar aquelas ideias que tinha. Cara, ele
conseguiu, é impressionante!"

Antes disso,
Jerry sofreu com o bombardeio que a música brasileira desferiu nos roqueiros em
1964, nos campos da TV Record. A batalha que não deixou mortos nem feridos
rende mais histórias para sua biografia. De Elis Regina, Jerry Adriani recebeu
o mais sincero e profundo desprezo. "Eu a conhecia, éramos colegas de
emissora, ela não poderia me tratar daquele jeito." Jerry estava a poucos
metros de Elis, na nada romântica fila do cachê da TV Record. Chegou simpático,
cheio de boas intenções. "E aí Elis, como estão as coisas?" Elis lhe
ofereceu as costas. Anos depois, os dois voltaram a se encontrar no elevador de
uma gravadora. Era seu dia da vingança. "Oi Jerry Adriani", disse
ela, ao lado do marido Cesar Camargo Mariano. Silêncio. "Jerry, ela está
falando com você", disse Cesar. Mais silêncio. "Não vai
responder?" "Não Cesar, e ela sabe por quê."
A desativação
do Programa Jovem Guarda na grade da TV Record, em 1968, é ainda estranha aos
olhos de Jerry. Ele levanta uma lebre: "Afinal, por que acabaram com
aquele programa quando o movimento ainda estava em alta?". A história de
que o fim da Jovem Guarda se dá por causa da ida de Roberto Carlos para o
Festival de San Remo, na Itália, e de sua instantânea conversão de roqueiro
para cantor romântico, não desce pela garganta de Jerry. "E por que não
tentaram um outro apresentador para o programa? A Jovem Guarda, ao contrário do
que pensam, incomodava a MPB da esquerda, mas também a ditadura, a direita. Nós
estávamos contestando os costumes sociais." Jerry viveu para contá-la. (Com informações de sites diversos)
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