Então, reunir o lote de boêmios farristas para encarar até mesmo um catadinho de Tanquinho era uma temeridade. E querem saber? Que eu me lembre (e olha que eu sou velho), Tanquinho nunca teve uma equipe disputando o campeonato estadual, nunca teve futebol profissional. O fotojornalista Reginaldo (Tracajá) Pereira, foi liderando a turma do jornal Feira Hoje para o “passeio”. E foi um passeio mesmo, pelo menos para mim, que tinha passado a noite num baile pré micaretesco, e o passeio que nós tomamos da equipe local. Pra começo de assunto, a gente não tinha nem transporte pra ir pra Tanquinho. Eu tive que tomar uma Kombi emprestada de um amigo pra levar parte do time, e outros iriam em carros particulares levando mais alguns “jogadores”. Eu peguei a Kombi na véspera e deixei na porta de casa (nem garagem eu tinha). Já tinha ido na sexta-feira, cobrir o baile, Noite das Estelas, do meu Amigo Edinho Baptista, e no sábado, cobri o Tradicional baile Caju de Ouro. Quando saí do baile, nem entrei em casa, peguei a Kombi na porta e fui buscar o pessoal. Reginaldo estava dormindo dentro do seu fusquinha, na porta de minha casa, tão bêbado que deu trabalho pra acordar. Os outros também não estavam muito melhores.
Chegamos em Tanquinho e encontramos Valter Vieira, que fora de carro próprio levando mais uma leva de “jogadores”. No estádio municipal, a gente se preparava para enfrentar o sol de 10 horas da manhã. Deixamos uma caixa de isopor com cerveja gelada à beira do campo, aos cuidados da mulheres, e vestimos “roupa de briga” (uniformes). Quando eu vi que havia jogadores suficientes para enfrentar a “parada”, eu declinei da minha participação, dizendo que entraria no segundo tempo. Bola vai bola vem, o time até que resistia bravamente e o primeiro tempo terminou com o nosso time perdendo de pouco. Quando estava para começar o segundo tempo, Reginaldo me perguntou se eu queria entrar, e eu respondi: Você tá louco? Eu estou aqui com Noite das Estrelas numa perna, Caju de Ouro na outra, tu achas que eu vou jogar o que? Nem bola de gude. Ainda mais com essa “lua” que tá fazendo”.
O segundo tempo começou e tomamos logo mais um gol. Aí a turma começou a entregar os pontos, “esculhambar”. Moacir Freitas, que era o beque central (naquele tempo existia essa posição), quando a bola chegava nele, dava um chute, o mais forte possível, para jogar a bola no campo do adversário, e corria pra tomar um gole de cerveja gelada na beira do gramado. Outros aderiram à mesma estratégia, e levamos seis gols contra o solitário “gol de honra” que algum desavisado marcou.
Final de jogo, abraços e confraternizações, o sentimento do dever cumprido, e a farra seguiu tarde afora até a hora de voltar pra casa. E tudo bem, porque nós só fomos mesmo pela farra.
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