*De crianças a
adultos*
Vivemos em busca da segurança.
Não só da
que nos garanta
janelas
abertas ao mundo.
Vivemos
incontáveis dúvidas.
Buscamos
segurança nas respostas
em que
possamos confiar.
Ainda crianças,
junto aos pais,
socorríamo-nos.
Dicionários do
mundo, para nós,
tinham eles suas
limitações.
Perguntas muitas
pendiam de
respostas.
Não
eram enciclopédias.
Apenas
sinalizavam estradas;
alertavam
inesperadas
encruzilhadas
encontradas.
Eram para nós, então,
placas de sinalização, sim;
nunca, autos de infração.
Projetos de lei, sim;
promulgada constituição, não.
Não
eram oráculos.
Bons
humanos eram,
sabendo
que humanos erram,
olhares
vagando, titubeavam.
No fundo,
nossa curiosidade
não buscava
exatidão de uma verdade.
Eles,
porém, vividos e precavidos,
temiam não
ser entendidos.
Avançados nos anos,
enfrentavam outro desafio.
Lá na frente,
alguém estaria presente?
O
que dizer aos filhos se,
a
tal altura de suas vidas,
longo
trecho percorrido,
ainda
testavam suas verdades?
O que dizer ante a preocupação
de o sentido de suas existências
estar sendo arrancado, em nacos,
pelo implacável tempo?
A realidade, porém, era una.
Antes
de nos reconhecermos
iguais
a nossos pais,
Tudo
se resumia a uma só dúvida.
Qual o verdadeiro sentido do mundo?
Ainda não éramos adultos.
Assim, não entendíamos que eles, também,
buscavam a segurança de uma resposta.
De
alguém ou de algum lugar.
De
algum herói, talvez.
Afinal,
já o disse alguém,
Heróis existem; alguém para nos salvar.
Hugo A de Bittencourt Carvalho
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