Dualidade
Associar o mundo da alta tecnologia, com a atividade artesanal charuteira é tarefa, à primeira vista, impossível. Quando se trata do fabrico propriamente dito, inalcançável. No universo dos charutos artesanais, a tecnologia só pode ser periférica.
Sistemas informatizados avançados são implantáveis apenas nas áreas da contabilidade, dos custos, do processamento de dados em geral, das comunicações. É o que a fábrica de charutos são-gonçalense, vem fazendo ao longo dos últimos anos. Por isso, quem visita dita empresa, constata funcionarem, ao mesmo tempo, dois mundos diversos.
Ao entrar na área administrativa, se depara com moderno escritório, computadores por todo lado, coisas bem do século atual. Já, ao ingressar na área da produção, retrocede-se ao século 19. Dezenas de operárias, no labor manual de acariciar fumos dos quais brotam os fantásticos charutos da Bahia. Uma inesquecível volta ao passado, sempre registrada em fotos e amparada pelas histórias e explicações dos cicerones.
Os que ali trabalham há incontáveis anos, têm a satisfação profissional de conviver com duas distintas épocas.
A contemporânea das comunicações interdepartamentais on-line e a pretérita, dos suados labores tabaqueiros. Com a meninada ágil no teclar computadores e com a velha guarda, encanecida e hábil na tarefa de espalmar fumos, transformando-os nos rolinhos mágicos que nascem e morrem para nos dar prazer.
Uma dualidade aparentemente
antagônica, na qual as partes convivem harmoniosamente.
Hugo A. de
Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de
charutos Menendez & Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos
Campos – BA.
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