domingo, 8 de setembro de 2024

 


Chicxulub , Bennu e Riugu

 O título em destaque, atrai para nossa presente viagem astronômica. Atenção. leitores não ‘terraplanistas’, vamos agora, embarcar nesta nave de palavras, apertar cintos e nos munirmos da devida paciência.

Como início de conversa, iremos retroceder cerca de 66 milhões de anos. Para tanto, faz-se mister, o entendimento quanto ao tempo ser eterno, não ter tido começo nem terá fim.  O tempo é o templo-morada da divindade em sua essência, não importa a crença. Sendo eterno, o alí é um instante. Foi, pois, em tal instante multissecularmente pretérito, que o asteroide ‘Chicxulub’ colidiu com a Terra e decretou a extinção dos dinossauros.

Há pouco, precisamente em finais de setembro de 2023, uma cápsula espacial da Nasa, transportando a maior amostra já coletada em um asteroide, desceu de paraquedas no deserto de Utah, nos EUA. Dito fragmento coletado há três anos, em ‘Bennu’, uma rocha celestial rica em carbono, descoberta em 1999, poderá conter valiosas pistas sobre a origem da Terra.

‘Bennu’, insignificante em termos siderais, com seus 500 metros de diâmetro, é minúsculo quando comparado com o devastador asteroide ‘Chicxulub’. Apesar disto, trata-se de uma relíquia do início do sistema solar. Sua química e sua mineralogia estão, praticamente, inalteradas desde quando  se formou, há cerca de 4,5 bilhões de anos.

Por isso, supõe-se possa ‘Bennu” dar pistas de como se formaram planetas rochosos, como a Terra. Talvez contenha moléculas orgânicas semelhantes às necessárias para o surgimento de micróbios.  As análises a serem procedidas poderão coincidir com resultados de similar pesquisa espacial, realizada por uma missão japonesa, a qual recuperou amostras de ‘Riugu’ – outro asteroide próximo a nós – contendo dois compostos orgânicos. Tais achados reforçam a hipótese segundo a qual, objetos celestes, como cometas, asteroides e meteoritos, que bombardearam a Terra primitiva, teriam semeado o jovem planeta com  os ingredientes primordiais para a vida.

A nave ‘Ostris-Rex’, lançada em setembro de 2016, chegou a ‘Bennu’ em 2018. A seguir, orbitou por quase dois aos ao redor do asteroide, antes de coletar amostras na superfície do mesmo. Para tanto, precisamente dia 20 de outubro de 2020, valeu-se de seu braço robótico, tendo a missão se prolongado até maio de 2021, quando empreendeu a viagem de retorno à Terra. Foram, ‘apenas’, 1,9 bilhão de quilômetros, incluindo duas órbitas completas ao redor do sol.

No início de minha vida consciente, nas portas da adolescência, sempre fui ao céu, voltado. Na escuridão das noites da lua nova, deitado à relva das planícies campeiras dos ‘pagos’ gaúchos, vistas voltadas à estrelada Via Láctea, passeava horas a fio. Antes, debruçava-me às páginas de um livro de cabeceira, que me presenteara meu pai: “Mistérios do Firmamento” de Domingos Marchetti”; por certo, uma edição de finais dos anos cinquenta. Nele, aprendi a reconhecer as constelações, um ou outro planeta, mil viagens inter estrelares fiz, sem jamais imaginar que passados setenta anos, seguiria sendo um apaixonado pelo espaço sideral, sua grandeza infinita, a cada dia com mais e mais atores, dando-nos luzes a decifrar o enigma da vida humana.   

Chicxulub , Bennu e Riugu por certo, muito nos auxiliarão em tal empreitada.

 Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é autor do livro virtual

Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas e Palavras ao Vento,

participa do Colares – Coletivo Literário Arte de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - BA
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