Chicxulub , Bennu e Riugu
Como
início de conversa, iremos retroceder cerca de 66 milhões de anos. Para tanto,
faz-se mister, o entendimento quanto ao tempo ser eterno, não ter tido começo
nem terá fim. O tempo é o templo-morada
da divindade em sua essência, não importa a crença. Sendo eterno, o alí é um
instante. Foi, pois, em tal instante multissecularmente pretérito, que o
asteroide ‘Chicxulub’ colidiu com a Terra e decretou a extinção dos
dinossauros.
Há pouco, precisamente em finais de setembro de 2023, uma cápsula espacial da Nasa, transportando a maior amostra já coletada em um asteroide, desceu de paraquedas no deserto de Utah, nos EUA. Dito fragmento coletado há três anos, em ‘Bennu’, uma rocha celestial rica em carbono, descoberta em 1999, poderá conter valiosas pistas sobre a origem da Terra.
‘Bennu’,
insignificante em termos siderais, com seus 500 metros de diâmetro, é minúsculo
quando comparado com o devastador asteroide ‘Chicxulub’. Apesar disto, trata-se
de uma relíquia do início do sistema solar. Sua química e sua mineralogia
estão, praticamente, inalteradas desde quando
se formou, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Por
isso, supõe-se possa ‘Bennu” dar pistas de como se formaram planetas rochosos,
como a Terra. Talvez contenha moléculas orgânicas semelhantes às necessárias
para o surgimento de micróbios. As
análises a serem procedidas poderão coincidir com resultados de similar
pesquisa espacial, realizada por uma missão japonesa, a qual recuperou amostras
de ‘Riugu’ – outro asteroide próximo a nós – contendo dois compostos orgânicos.
Tais achados reforçam a hipótese segundo a qual, objetos celestes, como
cometas, asteroides e meteoritos, que bombardearam a Terra primitiva, teriam
semeado o jovem planeta com os
ingredientes primordiais para a vida.
A
nave ‘Ostris-Rex’, lançada em setembro de 2016, chegou a ‘Bennu’ em 2018. A
seguir, orbitou por quase dois aos ao redor do asteroide, antes de coletar
amostras na superfície do mesmo. Para tanto, precisamente dia 20 de outubro de
2020, valeu-se de seu braço robótico, tendo a missão se prolongado até maio de
2021, quando empreendeu a viagem de retorno à Terra. Foram, ‘apenas’, 1,9
bilhão de quilômetros, incluindo duas órbitas completas ao redor do sol.
No
início de minha vida consciente, nas portas da adolescência, sempre fui ao céu,
voltado. Na escuridão das noites da lua nova, deitado à relva das planícies
campeiras dos ‘pagos’ gaúchos, vistas voltadas à estrelada Via Láctea, passeava
horas a fio. Antes, debruçava-me às páginas de um livro de cabeceira, que me
presenteara meu pai: “Mistérios do Firmamento” de Domingos Marchetti”; por
certo, uma edição de finais dos anos cinquenta. Nele, aprendi a reconhecer as
constelações, um ou outro planeta, mil viagens inter estrelares fiz, sem jamais
imaginar que passados setenta anos, seguiria sendo um apaixonado pelo espaço
sideral, sua grandeza infinita, a cada dia com mais e mais atores, dando-nos
luzes a decifrar o enigma da vida humana.
Chicxulub , Bennu e Riugu por
certo, muito nos auxiliarão em tal empreitada.
Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas
e Palavras ao Vento,
participa do Colares – Coletivo Literário Arte
de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - BA
[email protected]
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