Transmitida nos noticiários das emissoras de televisão, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos da França fizeram evocar os Jogos Abertos do Interior (JAIS), uma iniciativa de jovens feirenses da distante década de 1960 e que viria a se constituir, durante anos, na maior competição do esporte amador na Bahia, quiçá do país.
O surgimento dos JAIS, conforme o empresário Dásio Brasileiro Filho, na época muito jovem, teve um motivo até curioso. “O Feira Tênis Clube (FTC) tinha como grande fonte de arrecadação a Micareta. Todavia em 1964, devido ao regime militar, não foi possível realizar a festa. Para buscar uma compensação financeira, uma comissão formada por Ilo Brasileiro (industrial), Evandro Oliveira (professor), Arlindo Barbosa (militar), Geraldo Valter (bancário), Armando Menezes (funcionário público) e Oyama Pinto (jornalista), idealizou o evento realizado pela primeira vez de 5 a 8 dezembro de 1964”, relembra Dásio.
Feira de Santana (sede), Santa Bárbara, Cachoeira, Jequié, Juazeiro e Ilhéus foram os municípios participantes nas modalidades: futebol de salão, basquete, voleibol (masculino e feminino), tênis de mesa (individual e dupla). O ginásio de esportes do Fetecê, local das disputas, ficou completamente lotado. Na classificação final dos JAIS, Feira de Santana foi campeã geral, Jequié em segundo lugar, Ilhéus em terceiro, Juazeiro em quarto, Santa Bárbara em quinto lugar e em sexto Cachoeira.
O sucesso absoluto do certame motivou Ilhéus que propôs sediá-lo no ano seguinte, mas o IIº JAIS só foi realizado em 1966 em Feira, com algum apoio do governo do estado através do departamento de esporte. O entusiasmo fez com que várias cidades construíssem ginásios de esportes, quadras esportivas, piscinas e outros equipamentos, visando preparar seus atletas.
Os JAIS continuaram e atendendo apelos a comissão organizadora aceitou levar o certame para outros municípios, verificando-se a descentralização. Do mesmo modo, novas modalidades esportivas foram introduzidas, inclusive gerando a reclamada ‘importação’ de atletas de outros estados por alguns municípios como forma de reforçar suas equipes. Talvez a excessiva rivalidade surgida, obscurecendo o verdadeiro sentido do esporte amador, e o crescimento das dificuldades dos realizadores pelo aumento de custos, tenham concorrido para o fim do mais importante evento do esporte amador da Bahia e que até hoje, 60 anos depois, continua sem ser superado!.
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que fazem parte da história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.
Por: Zadir Marques Porto
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