domingo, 29 de dezembro de 2024

 À guisa de prefácio.

         Quando em vez, ao revirar arquivos, é prazeroso nos defrontarmos com registros procedidos há anos muitos, vinte ou mais.  Foi o que ocorreu, ao visitar minha ‘Fumaça Mágica’ de julho do ano 2000.  Por sua perenidade, malgrado o tempo transcorrido, sequestrei-a, encaixando-a na série atual, ‘Dedais de Prosa’.

Tudo começou com mensagem recebida de um leitor da cidade de Caxias do Sul. 

Isso posto, revivamos.


Amigo Hugo,

Raramente encontramos alguém que goste tanto do que faz como você, e que o faça tão bem. Sua gentileza e disponibilidade, sua maneira de escrever o "Fumaça Mágica", demonstram claramente o carinho que você dispensa aos seus charutos e aos seus clientes, de forma muito sincera e espontânea. Seus textos transmitem, com talento e poesia, o enlevo que o ato de fumar um puro pode proporcionar, além de conterem informações e ensinamentos preciosos. Foi muito bom ter tido a oportunidade de conhecer você, e até já me sinto um amigo. Não deixe de escrever o "Fumaça Mágica" e enviá-lo aos confrades.

Um abraço do PAULO WEIRICH (Caxias do Sul, RS) – julho/2000

A Árvore de meus Amigos 

Outro dia, chegou-me às mãos artigo de autor desconhecido, intitulado A árvore de meus amigos. Ao lê-lo, associei a essência do referido texto à gentil mensagem acima transcrita, a qual  induziu-me a escrever sobre meus amigos.

         Sendo eu, profissional e historicamente, atado ao ramo tabaqueiro, imaginei as folhas de um pé de fumo simbolizarem as nuances da coletividade fraterna na qual estou inserido. Assim, permitam-me utilizar a terminologia cubana nestes rabiscos.

Tentarei associar ao prazer de escrever, o de propagar conhecimentos sobre dadas características da matéria prima dos inigualáveis charutos da Bahia.

As folhas de um pé de tabaco simbolizam meus amigos. Algumas, as mais próximas das raízes, representam os recém-chegados.

Com o passar do tempo, aprendemos a conhecer toda a família de folhas, sem o que não conseguiremos bem viver nem, tampouco, produzir bons charutos. Cada folha, assim como cada pessoa em nossa vida, é única. Mesmo que ela, porventura, se desprenda do pé, continuará alimentando nossa raiz. Será uma agradável lembrança dos momentos nos quais dividíamos nossas alegrias. Nesse caso, estão aqueles que me privilegiaram com suas preferências e, por uma ou outra razão, optaram por se valer de serviços de terceiros.

         Menos mal, serem poucas as folhas que caem. A grande maioria se mantém firme, ligada ao caule, nutrindo-se da seiva sustentada por nossa continuada comunicação.  Você me entende e saberá localizar-se.

Poderá estar entre as folhas mais próximas das raízes (libre-pie); entre as duas outras acima do libre pie, conhecidas por uno y médio; ou estará um pouquinho mais alto, folhas chamadas centro fino e centro alto; ou ainda, estar situado entre as encorpadas folhas do ápice, conhecidas como coronas - aqueles que, com fidelidade ímpar, prestigiam meu trabalho. 

         Recordar é viver.  De forma intensa quando, ao mirar o espelho do tempo, constatamos seguir emparelhados com amigos que conosco seguem há vinte anos e mais.

Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é autor do livro virtual

Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas e Palavras ao Vento,

participa do Colares – Coletivo Literário Arte de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - BA
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http://livrodoscharutos.blogspot.com

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