sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Artigo da Semana


A história sem fim

No editorial que abre o primeiro caderno da edição especial de aniversário do jornal NoiteDia, eu falo que, na pesquisa que fiz nos arquivos do jornal, notei que as notícias se repetem sempre, apenas mudam os personagens e os cenários. Com isso quero dizer que a cidade cresceu, se modernizou, mas os problemas persistem, pois, os governantes prometeram muito, falaram muito, mas resolveram pouco.

O primeiro exemplar do Jornal NoiteDia, que circulou em 18 de setembro de 1998, traz na capa os problemas do Fluminense de Feira, que continuam os mesmos. Os mesmos problemas nas áreas de saúde e educação, entre outros. O mesmo discurso dos políticos, como João Borges, defendendo o Imposto Único.

Coincidentemente, a coluna “Em Tempo”, do jornalista Alex Ferraz, publicada na edição de terça-feira passada (22) no jornal Tribuna da Bahia, traz as mesmas observações que fiz. Também empenhado na confecção de uma edição especial comemorativa dos 40 anos do jornal, Ferraz, ao folhear os arquivos, constatou como a história se repete e parece não ter fim.

Há quarenta anos a Tribuna da Bahia noticiava que os pivetes tomaram conta do centro da cidade. Atualmente, mudando apenas o adjetivo de “Pivete” para “Sacizeiros”, o jornal noticia que eles tomaram conta do centro de Salvador, notadamente nas proximidades da Praça da Sé, onde abordam transeuntes e comerciantes, assaltando e roubando, para comprar a pedra de crack de cada dia.

Também há 40 anos, o jornal noticiava que “os presídios brasileiros são verdadeiras escolas do crime”. Vivemos, atualmente, a mesma realidade piorada. Os bandidos estão mais ousados e cruéis a cada dia. O povo protesta, os governantes discursam com eloqüência, mas, não resolvem o problema.

São inúmeros os problemas sociais que o País enfrenta e que nunca são solucionados. Em 1950, Luiz Gonzaga fazia o seu protesto: “Seu Dotô, os nordestino, tem muita gratidão, pelo auxilio dos sulistas, nesta seca do sertão. Mas, Dotô, uma esmola, pra um home que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão”.

O sertanejo, quase 60 anos depois, ainda sofre com as estiagens, mas o governo prefere dar a esmola, e viciar o cidadão. A escola pública é uma lástima. Na saúde, quem não tem dinheiro, morre. O transporte de massa continua ruim, mesmo nas grandes capitais. As polícias são despreparadas, desequipadas e mal pagas.

Eu, que gosto de observar o que acontece à minha volta, e não vivo contemplando o próprio umbigo, ponho meus sentidos em alerta e sinto que estamos chegando a um ponto de ruptura. Alguma coisa, grave, vai acontecer em breve. Basta prestar atenção aos sinais dos tempos.

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