sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O que é jornalismo?*


Por ocasião da discussão sobre se deve ou não ser exigido o diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista, me veio à mente alguns conceitos, meus e de outras pessoas, sobre esta profissão, expressão psicossocial que já foi chamada de 4º. poder, que fascina, revolta, agride e é agredida, faz bem e mal, ajuda e atrapalha, e que sempre vive na corda bamba. Tem sempre alguém querendo calar a boca da Imprensa, e também aqueles que dela querem se utilizar.
Neste ano em que o mais antigo jornal da Bahia e um dos mais antigos do Brasil, a “Folha do Norte” completa seus 100 anos de existência, eu creio que tais reflexões são oportunas. Comecemos voltando no tempo, justamente um século atrás. Quem eram os jornalistas daquela época? Onde eles foram formados? Pelo que sei, eram médicos, advogados, políticos, professores, ou qualquer outra pessoa dotada de inteligência e com capacidade de redigir de forma clara e direta. Os chamados “formadores de opinião”.
Como toda profissão, o jornalismo também foi se aperfeiçoando e atualizando, e chegou-se á regulamentação da profissão, com a criação de uma Lei de Imprensa e a instituição do curso superior de jornalismo. Algo assim como se pegar alguém aleatoriamente, e se dissesse: Você vai ser artista. Ou melhor, pegar um rapaz na rua e dizer: você vai para a faculdade, aprender a jogar bola.
Eu costumo dizer que jornalismo é dom, e nenhuma faculdade vai tornar alguém sem esse dom em um jornalista. E digo mais: é muito fácil descrever um fato que se presenciou na rua, informando o que, quem, como quando, onde e porque, o fato aconteceu. Qualquer um faz isso. O verdadeiro jornalista vai além. Ele quer saber as razões que originaram o fato e que conseqüências ele pode ter. Para isso, ele deve ser muito bem informado, e, em muitos casos, ter muito conhecimento geral, inclusive sobre História, pois fazer jornalismo é escrever a história.
É preciso ler muitos jornais, revistas e livros. Muitos livros. O conhecimento literário, além de melhorar o vocabulário do leitor, dá a ele os conhecimentos necessários á interpretação de muitos fatos, pois a história se repete. A Universidade não torna ninguém mais inteligente, ela apenas dá as ferramentas necessárias para que cada um, dotado de inteligência e bom senso, exerça melhor a sua profissão.
Mas, isto posto, para não perder a minha veia humorística, relaciono abaixo alguns conceitos sobre jornalismo e jornalistas, oriundos de personalidades notórias do nosso cotidiano:
"Médico acha que é Deus. Jornalista tem certeza". (Ricardo Noblat)
"Alguns jornalistas são filhos da pauta", (Marcos Losekan).
"O jornalista é um fofoqueiro profissional. Ganha (pouco) dinheiro para ouvir as coisas e contar para todo mundo". (Ana Redig)
"Jornalismo é tudo aquilo que consigo enfiar entre um anúncio e outro". (Barão de Beaverbrook)
“A diferença entre o jornalismo e a literatura é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida". (Oscar Wilde)
"A Imprensa não ganha eleição. Mas ajuda a perder". (Getúlio Vargas)
"Os repórteres se dividem em três categorias: o repórter, que escreve o que viu; o repórter interpretativo, que escreve o que viu e o que ele acha que isso significa; e o repórter especialista, que escreve a respeito do significado do que ele não viu". (Abbott Joseph Liebling)
"Trabalho pelo olfato. Quando sinto algo fedendo, vou atrás". (Drew Pearson)
"A imprensa sensacionalista trabalha com emoções, da mesma forma que os regimes totalitários trabalham com o fanatismo". (Ciro Marcondes Filho)
"Só existem duas maneiras de fazer carreira em jornalismo. Construindo uma boa reputação ou destruindo uma". (Tom Wolfe)
"O jornalista é forte e poderoso não pelo bem que ele faz, mas pelo mal que pode fazer". (Ibrahim Sued)
"Não há fatos, só interpretações". (Friedrich Nietzsche)
"Quando um cachorro morde um homem, isso não interessa, porque acontece com freqüência. Mas se um homem morder um cachorro, o fato torna-se notícia". (John Bogart)
"Quem mais manda na mídia é você, meu caro leitor ou espectador. E você, consumidor, é o mal da imprensa. Editores quebram a cabeça diariamente para agradá-lo. O mal da imprensa é que ela não ousa mais desagradar ao seu leitor. Simplicidade verbal não é sacrifício de complexidade. A glória da imprensa foi feita por gente com opiniões fortes e inconformistas". (Paulo Francis)
"Jornalismo é o ato de contar a uma parte da sociedade o que a outra parte está fazendo". (Heródoto Barbeiro)
"Imprensa é a arte de dizer que Lord Jones morreu a quem nunca soube que Lord Jones existiu". (Chesterton).

* Texto escrito em homenagem aos 100 anos do Jornal Folha do Norte.

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