sexta-feira, 27 de maio de 2011

Trabalho infantil


Apesar de todos os depoimentos de pessoas de todos os níveis sociais, concordando que trabalho não impede crianças de estudar, nem as deixa traumatizadas nem humilhadas, como afirmam os pregadores do “politicamente correto”, continua grassando pelo Brasil afora uma verdadeira campanha contra crianças trabalhando.

São inúmeros os depoimentos de pessoas que na infância trabalharam um turno e estudaram em outro. A vida seguiu o seu curso natural, e quem era apto ao estudo, se formou, virou doutor, e quem era mais voltado ao serviço técnico (mecânico, pedreiro, eletricista) também venceu na vida, embora levando uma vida mais humilde. Outros, com tino para o comércio, até enriqueceram.

E melhor de tudo é que a maioria continuou cultivando as amizades feitas na infância e na adolescência, e se respeitavam independente da condição social e financeira de cada um. A vergonha, o ostracismo, a marginalidade, ficou para quem não trabalhou nem estudou e sempre viveu de espertezas, roubando e até matando. Outros entraram para a política.

São muitas também as ocorrências de fatos nos dias atuais em que a proibição do trabalho infantil resultou em tragédia. Aqui mesmo em Feira de Santana, temos exemplos de crianças que foram proibidas de trabalhar, mesmo no auxílio aos pais, e acabaram se envolvendo com a vagabundagem, com as drogas, e acabaram mortas por quem deveria protegê-las.

O problema é que não se sabe separar trabalho de exploração e palmadas de tortura e mutilação. Uma criança que auxilia seus pais na lida diária, é diferente de uma criança que é explorada por pessoas inescrupulosas que as submetem a trabalho escravo e não condizente com a idade que têm. Os cortadores de cana, por exemplo. Uma criança que desobedece seus pais e pratica um ato ilícito, pode ser castigada com palmadas, chineladas ou até uma sova de cinto. Mas é diferente daquela que é torturada pelos seus pais ou parentes, muitas vezes apenas porque choram de fome ou dor. É preciso saber diferenciar estas coisas e não generalizar, como se qualquer trabalho ou castigo paterno se constituísse numa monstruosidade praticada contra crianças inocentes.

Mas há algo que vem me intrigando ultimamente. A toda hora ouço pessoas pregando contra o trabalho infantil com tal veemência que beira o rancor, a raiva. Algumas chegam a ter lágrimas nos olhos quando falam que uma criança está sendo “forçada” a trabalhar. Apelam até para os poderes constituídos para que impeçam e até prendam os pais.

Mas, vejam, eu não ouvi até o momento nenhum pronunciamento contra o trabalho infantil na televisão e no cinema brasileiro. Quer dizer então que filho de rico e famoso pode trabalhar, mas o do pobre não. E essas crianças do cinema e da TV trabalham até em programas proibidos para menores. E só pra lembrar, o ator mirim que fez o filme “Pixote”, provando da fama e depois abandonado à própria sorte, aproveitando a experiência adquirida no filme, se envolveu com a marginalidade e acabou morto pela Polícia.

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