Anos oitenta, a moda na época era ter uma filmadora do Paraguai.

Hora do parto, ela tinha muita vergonha, mas eu, teimoso, desejava muito eternizar aquele momento.
Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho.
Não, amor! Que vergonha! era só o que ela dizia !!
Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme.
Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos.
Meu filho e minha esposa eram os meus orgulho e tesouro.
Três anos se passaram aí nova gravidez, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro, tudo como antes.

As pessoas que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas o amor de pai e marido apaixonado nesse ato.
O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.
Agora eu com 50 ela com 49.
Nada que se comparasse ao fato de ela, nessa semana, num instinto de vingança, invadisse a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.

- Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!
Meus olhos saindo da órbita fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era tanta que não conseguia nem falar.
O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão!!! Ah! eu na hora vi o teto a dois centímetros do meu nariz.
E a minha mulher continuou a gritar, como se fosse um diretor de cinema:
- Isso, doutor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um close agora...
Na hora alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.
Agora amigos, estou escrevendo este e-mail pedindo aos amigos, parentes e outro mais que se receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim.
Eu pago a taxa de reembolso. (Luiz Fernando Veríssimo)
*Texto recebido por email. .
Nenhum comentário:
Postar um comentário