terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A vitória da demagogia

Certa vez alguns políticos tentaram emancipar o distrito de Humildes do município de Feira de Santana. O prefeito de então, José Falcão da Silva, agiu rápido e redemarcou os limites do Município, reduzindo a área territorial do distrito, deixando de fora dele indústrias, postos de gasolina e tudo que pudesse render receita de impostos para o novo município a ser criado. Sem previsão de receita para sustentar prefeito, secretários e vereadores, os políticos desistiram da emancipação e Humildes continuou como distrito de Feira de Santana.

            Neste episódio, eu concordei com a atitude do prefeito. Porque não havia razão plausível para a emancipação de Humildes, a não ser encher os bolsos de meia dúzia de oportunistas, mais interessados nos cargos e salários do novo município do que nos maiores interesses da população.

            Creio que há muito que se melhorar nas leis que regem as emancipações para a criação de novos estados e municípios no Brasil. É necessário fazer prevalecer os reais interesses das populações das áreas a serem emancipadas. Quando o plebiscito é realizado, creio que as populações a serem ouvidas são aquelas das áreas que serão emancipadas. Porque quando a população do estado ou município que vai perder território vota, é claro que ela é maioria e os seus representantes políticos e sociais, não vão querer perder território e receita, e a opinião da maioria é a que prevalece.

            Parece ser uma prática democrática, mas não é. Ao dar direito de voto às populações das áreas de mais densidade populacional, se está praticamente impedindo a outra parte interessada de manifestar a sua vontade. Aqui na Bahia temos exemplos destas situações. O município dc Eunápolis, embora tivesse se desenvolvido muito mais enquanto distrito de Porto Seguro, sua população não desejava a emancipação. Somente em 1988 foi emancipado, após várias tentativas de separação.

            Nos municípios do além São Francisco, no Oeste do Estado, as populações desejam a separação e a criação do estado do São Francisco, mas os políticos sempre manobram para que isso não aconteça. A região gera muita riqueza, mas que está concentrada nas mãos de poucos, enquanto a maioria da população é pobre e não é bem assistida pelo governo, resolvendo a maioria dos seus problemas em Goiás ou Brasília, que estão mais perto da população do que Salvador.

            O que aconteceu agora no Pará pode ser encarada como a vitória da demagogia. Se o Estado fosse dividido em três as populações, principalmente das áreas emancipadas, só teriam a ganhar. Mas a campanha contra a separação envolveu muito dinheiro, muita corrupção, e muita demagogia dos políticos, através de apelos lacrimosos sobre história, tradições e outros babados do gênero.

Venceram os oportunistas e demagogos, perderam, mais uma vez, as populações interessadas em se livrar de um governo que não atende +as suas mínimas necessidades. O Pará vai continuar sendo um estado grande, rico, com maioria de população pobre e desasistida.

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