O Brasil segue impregnado pela guerra
culinária entre coxinhas e mortadelas. Um debate de afogados sustentado por
interesses individuais e que não acrescenta um mísero tijolo no muro que separa
qualidade de vida de sofrimento. A grande tragédia não é a legalidade do
impeachment, existente, de fato; o atual presidente não ter a legitimidade
necessária; o aparelhamento estatal ou a ocupação cultural por uma ideologia
fúnebre e vencida.
A grande hecatombe que temos é a
econômica pois dela deriva todos os demais movimentos. No Brasil estamos em
recessão, com PIB negativo por três anos e 12 milhões de desempregados.
Imaginando que a cada um esteja ligado quatro pessoas temos 48 milhões de
brasileiros sofrendo consequências desta crise. Crise esta que é
responsabilidade direta do governo afastado com seu populismo insustentável,
sua contabilidade destrutiva para sustentar o estelionato eleitoral que lhe
conferiu a última vitória e submissão a uma ideologia econômica fracassada.
É preciso que entendamos que as grandes
nações e impérios foram construídas com pilhagens e comportamento de gângster,
incluindo os saques e espoliação de outras nações. Acontece que a democracia
liberal avançou, a comunicação universalizou as fronteiras do direito- pelo
menos como saber-, a colonização de territórios se tornou incorreta.
Adicionalmente a vida foi se prologando, com aumento exponencial da população e
o custo de sua manutenção crescendo geometricamente. Esta combinação de fatores
tornou os recursos claramente mais escassos.
Ao lado disto, a complexidade das
aglomerações urbanas foi se tornando avassaladora exigindo que estes escassos
recursos sejam administrados de forma exímia, otimizada, para evitar o mínimo
desperdício, gerando a possibilidade de garantir um estado mínimo de manutenção
das condições de vida. O tempo do desperdício, do improviso, dos recursos
obtidos de forma predadora está encolhendo cada vez mais e há, ainda, milhões
de pessoas e continentes a espera desta distribuição sob o risco de uma
violência incontrolável, que, aliás, já torna até mesmo o mundo rico refém,
vigilante e encarcerado.
Ao passo, entretanto, que esta
administração pública passa a exigir gerentes cada vez mais qualificados,
precisos, com domínio técnico, continuamos a escolher nossos administradores
por todas as características empíricas- carisma, simpatia, habilidade
comunicativa, identificação pessoal- e não pelas características necessárias-
formação técnica especifica, experiência administrativa, expertise, formação
humanística- como se a administração pública atual pudesse se dar ao luxo do
desperdício, da perda de tempo, e de servir como laboratório de aprendizado e o
cidadão pagador de imposto como cobaia.
A democracia está anos luz de todas as
formas totalitárias de poder- ainda que seja apenas o menos pior dos regimes-,
mas não podemos mais tolerar administradores incapazes, falidos sedutores, que
querem o poder para saquear os recursos públicos. Não podemos gastar milhões
com cargos eletivos ocupados por eleitos que mal sabem ler, por vezes. Com a
escassez de recursos a máquina pública exige eficiência absoluta.
Certo que não temos método para
selecionar caráter, mas sou a favor de haver critérios de elegibilidade. Sei
que a democracia tem em seu princípio a liberdade de cada homem poder ocupar o
espaço público e há um preço a pagar, mas não podemos ter uma administração de
complexidade hercúlea e como único critério seletivo a capacidade de assinar o
nome. É preciso mudar. Temos demandas do Século XXI e um modelo de escolha de
administradores das savanas.
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