sábado, 17 de setembro de 2016

Ainda somos os mesmos e escolhemos como nossos ancestrais

O Brasil segue impregnado pela guerra culinária entre coxinhas e mortadelas. Um debate de afogados sustentado por interesses individuais e que não acrescenta um mísero tijolo no muro que separa qualidade de vida de sofrimento. A grande tragédia não é a legalidade do impeachment, existente, de fato; o atual presidente não ter a legitimidade necessária; o aparelhamento estatal ou a ocupação cultural por uma ideologia fúnebre e vencida.
A grande hecatombe que temos é a econômica pois dela deriva todos os demais movimentos. No Brasil estamos em recessão, com PIB negativo por três anos e 12 milhões de desempregados. Imaginando que a cada um esteja ligado quatro pessoas temos 48 milhões de brasileiros sofrendo consequências desta crise. Crise esta que é responsabilidade direta do governo afastado com seu populismo insustentável, sua contabilidade destrutiva para sustentar o estelionato eleitoral que lhe conferiu a última vitória e submissão a uma ideologia econômica fracassada.
É preciso que entendamos que as grandes nações e impérios foram construídas com pilhagens e comportamento de gângster, incluindo os saques e espoliação de outras nações. Acontece que a democracia liberal avançou, a comunicação universalizou as fronteiras do direito- pelo menos como saber-, a colonização de territórios se tornou incorreta. Adicionalmente a vida foi se prologando, com aumento exponencial da população e o custo de sua manutenção crescendo geometricamente. Esta combinação de fatores tornou os recursos claramente mais escassos.
Ao lado disto, a complexidade das aglomerações urbanas foi se tornando avassaladora exigindo que estes escassos recursos sejam administrados de forma exímia, otimizada, para evitar o mínimo desperdício, gerando a possibilidade de garantir um estado mínimo de manutenção das condições de vida. O tempo do desperdício, do improviso, dos recursos obtidos de forma predadora está encolhendo cada vez mais e há, ainda, milhões de pessoas e continentes a espera desta distribuição sob o risco de uma violência incontrolável, que, aliás, já torna até mesmo o mundo rico refém, vigilante e encarcerado.
Ao passo, entretanto, que esta administração pública passa a exigir gerentes cada vez mais qualificados, precisos, com domínio técnico, continuamos a escolher nossos administradores por todas as características empíricas- carisma, simpatia, habilidade comunicativa, identificação pessoal- e não pelas características necessárias- formação técnica especifica, experiência administrativa, expertise, formação humanística- como se a administração pública atual pudesse se dar ao luxo do desperdício, da perda de tempo, e de servir como laboratório de aprendizado e o cidadão pagador de imposto como cobaia.
A democracia está anos luz de todas as formas totalitárias de poder- ainda que seja apenas o menos pior dos regimes-, mas não podemos mais tolerar administradores incapazes, falidos sedutores, que querem o poder para saquear os recursos públicos. Não podemos gastar milhões com cargos eletivos ocupados por eleitos que mal sabem ler, por vezes. Com a escassez de recursos a máquina pública exige eficiência absoluta.
Certo que não temos método para selecionar caráter, mas sou a favor de haver critérios de elegibilidade. Sei que a democracia tem em seu princípio a liberdade de cada homem poder ocupar o espaço público e há um preço a pagar, mas não podemos ter uma administração de complexidade hercúlea e como único critério seletivo a capacidade de assinar o nome. É preciso mudar. Temos demandas do Século XXI e um modelo de escolha de administradores das savanas.


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