quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Como o voto na legenda para vereador pode beneficiar o partido rival

"Atenção! Pelas novas regras eleitorais, seu voto na legenda pode ir para outro partido. Vote no número completo do seu vereador ou você poderá eleger um inimigo!"
Você deve ter visto mensagens com esta pipocando nas redes sociais na reta final para a votação do primeiro turno das eleições municipais, que acontece no domingo.
Compartilhadas milhares de vezes, elas citam mudanças no Código Eleitoral propostas durante a presidência do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara e aprovadas em 2015. A alteração, nos artigos 108 e 109, afeta principalmente os candidatos a vereador e deputado que são "puxados" para assumir mandatos graças aos recordistas de votos de seus partidos.
Você deve se lembrar de casos célebres nas eleições de 2014: o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP), por exemplo, teve 1,5 milhão de votos e acabou elegendo outros quatro candidatos do seu partido. Outro exemplo famoso é o do palhaço Tiririca (PR-SP), que teve mais de um milhão de votos e "puxou" dois colegas de legenda. Sem o empurrão dos candidatos recordistas, seus colegas homens não teriam votos suficientes para se eleger à Câmara.

E por que isso acontece?
A legislação permite que o "excesso" de votos de um candidato seja "transferido" para outros do mesmo partido, graças a um dispositivo chamado "quociente partidário" (entenda abaixo).  Mas, com a alteração na lei, estes candidatos "puxados" pelos recordistas de votos agora têm um novo obstáculo antes de assumir cargos públicos: eles precisam alcançar uma "nota de corte", um total mínimo de votos determinado por com outro dispositivo, chamado "quociente eleitoral".
Se estes candidatos não alcançarem a nota de corte, os votos na legenda poderão ir, sim, para outros partidos - normalmente os maiores e com mais dinheiro.
Quer dizer que um voto no PC do B pode ir para o PSDB? Um para o DEM pode ser transferido para o PT? Um no PSOL pode cair no colo do PMDB?
Entenda o passo a passo sobre o que mudou, no site BBCBrasil.

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