Você pode não estar clinicamente
deprimido, mas o estresse do dia a dia pode facilmente acabar com sua
sensação de bem-estar e contentamento.
A boa notícia é que não
faltam estratégias baseadas em evidências para ajudá-lo a sair do
marasmo: o campo científico da chamada psicologia positiva, que acaba de
completar 20 anos, oferece inúmeras técnicas para melhorar seu humor.
Mas
como encontrar tempo para incorporá-las à nossa rotina? Sandi Mann,
professora da Universidade de Central Lancashire, no Reino Unido, sugere
uma solução. Com base em sua experiência como psicóloga clínica, ela
propõe um exercício que pode ajudar.
Descrito no livro Ten Minutes to Happiness ("Dez minutos
para a felicidade", em tradução livre), o programa que ela montou tem a
forma de um diário, a ser completado em seis etapas:
1. Que experiências, por mais mundanas que sejam, te deram prazer?
2. Que elogios e retornos você recebeu?
3. Quais foram os momentos de sorte?
4. Quais foram suas conquistas, por menores que sejam?
5. O que fez você se sentir grato?
6. Como você expressou gentileza?
Grande
parte do programa é baseada na vasta quantidade de pesquisas
científicas que mostram que dedicar um pouco de tempo para avaliar como
foi o seu dia, sob as perspectivas acima, pode mudar gradativamente sua
forma de pensar, de modo que você encontre mais felicidade em sua vida.
Quando nos sentimos para baixo, pode ser fácil
ignorar o que está dando certo - e manter esse diário coloca os aspectos
positivos em primeiro plano.
Mann destaca que os benefícios podem
ser observados não só à medida que você lista os acontecimentos; mas
reler as anotações anteriores pode ajudar a lidar com situações difíceis
no futuro também.
Graças à nossa memória "associativa", o mau
humor - causado por um evento negativo - pode levar você a se lembrar
preferencialmente de outras fontes de estresse e infelicidade. Sempre
que isso acontecer, folhear as páginas do diário pode ajudar a sair
desse ciclo vicioso.
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Ajudar estranhos é mais gratificante do que comprar um presente para si mesmo |
O sexto ponto se baseia em pesquisas recentes
sobre o poder da gentileza. Vários estudos descobriram que atitudes
altruístas não apenas aumentam o bem-estar das pessoas ao seu redor,
como também melhoram sistematicamente seu próprio humor.
Gastar um pouco de dinheiro para ajudar um estranho,
por exemplo, deixa você mais feliz do que usar a mesma verba para se
dar um presente, segundo uma pesquisa realizada em mais de 130 países.
Focar
em gestos desse tipo garante que você aproveite ao máximo esse
sentimento reconfortante e, ao mesmo tempo, seja incentivado a procurar
novas oportunidades no dia seguinte.
Uma revisão de 10 minutos do
seu dia não é capaz de fazer milagres, é claro - e Mann enfatiza que
qualquer pessoa que suspeite que possa sofrer de depressão deve
consultar um médico e procurar ajuda profissional.
Mas, para
aqueles que geralmente se sentem desanimados e estressados, sem sintomas
clínicos graves, esse exercício pode ser um aliado para entrar no eixo
novamente.
Se você achou a abordagem de Mann instigante, também
pode se interessar por sua pesquisa contraintuitiva sobre o tédio. Em
uma série de experimentos, ela descobriu que curtos períodos de tédio
podem trazer grandes benefícios.
Estudantes que foram instruídos a
copiar a lista telefônica, por exemplo, acabaram apresentando soluções
mais criativas para desafios em uma fase posterior do que aqueles que
foram poupados do tédio.
Mann suspeita que a atividade enfadonha
encoraje a mente dos alunos a divagar e sonhar acordada, estimulando um
pensamento mais flexível para tarefas criativas.
"Se você se
deparar com um problema, basta dar um tempo - ficar entediado - e pode
ser que a solução criativa surja em sua mente", disse Mann à BBC.
Isso
é particularmente importante nos dias de hoje, em que estamos sempre
tentados a dar uma checada nas redes sociais para ocupar a mente.
"Uma maneira por meio da qual podemos abraçar (isso) em nossas vidas é parar de evitar o tédio", acrescentou.
Com
o tempo, você pode até descobrir que sua tolerância aumentou, de modo
que os períodos de espera, outrora agonizantes, se tornam uma
oportunidade para relaxar e refletir.
"Paradoxalmente, a melhor maneira de lidar com o tédio é dar mais espaço para ele em nossas vidas." (BBCBrasil)
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