segunda-feira, 29 de julho de 2019

Meu filho e o empreendedorismo infantil

Cesar Oliveira

É tarefa de gigantes educar filho, oferecer as lições certas, criar resiliência para a pancadaria geral da vida, proteger do mundo selvagem que nos rodeia, mas com liberdade suficiente para que seja capaz de se virar nos trinta, se o trinta pintar por aí.
Um desses caminhos é o trabalho, ou realização de tarefas, sob condições, tipo, tempo, controlados, que permite desenvolver habilidades, valorizar o esforço, e a iniciativa pessoal. Pena que os debates atuais sobre o tema estejam contaminados pelo politicamente correto e pela ideologia rasteira que confunde trabalho infantil -propositalmente- com trabalho escravo. Essas iniciativas são um estimulo ao empreendedorismo, uma habilidade essencial ao crescimento profissional.

Meu filho, certa vez, me deu um exemplo disso. Nós fazíamos o aniversário dele, todos os anos, com os colegas. Lá pelos onze anos estava naquela fase dos jogos eletrônicos e queria, todo dia, um cartucho, um jogo novo, que não dávamos para termos algum limite.
Então, no aniversário, ele disse que queria um almoço só com refrigerante e lasanha para ficar com os colegas no play ground do prédio. Também disse que não precisávamos ligar para ninguém porque como eram todos do colégio e do karatê, ele mesmo falava, para nos poupar. E pediu para que no dia não fossemos ao play porque ficava chato, parecendo que ele e os colegas eram meninos, deixando todos inibidos. Embora tenha soado meio estranho achamos que estava crescendo e naquela fase de auto-afirmação, então combinamos que só a funcionária iria lá, levar a bebida e a comida.
À noite, quando terminou, fomos ao seu quarto, e a mãe falou:
- filho, me deixe ver os presentes porque se tiver algum que precise trocar eu já vou à loja amanhã para não ter problema
- não tem presente não...
- Não? Como não filho?
- Ninguém trouxe presente não
- Como não filho? O que foi que você fez, perguntaram as mil pulgas atrás das orelhas? Conte logo ou eu vou perguntar amanhã aos seus colegas.
- Eu tava querendo comprar uns jogos, então liguei para todo mundo e disse que não queria presente não. Eu pedi R$20 reais a cada um. Tá aqui o dinheiro que juntei
- Átilaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
E lá vai a mãe na segunda feira ligar para as outras mães e pedir desculpas, sem entender o verdadeiro espírito do empreendedorismo que nasce na infância.

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