sábado, 2 de maio de 2020

Moro, Bolsonaro e Judas


É legítimo não gostar de Sérgio Moro, tentar encontrar pelo em ovo nas ordenações jurídicas- mais para defender os cúmplices ideológicos do que para corrigir a Justiça, mas é impossível negar a quebra de paradigma que ele promoveu ao condenar um projeto de poder sustentado pela corrupção, liderado por Lula, que devastou a economia, quebrou a Petrobrás, Fundos de pensão e gerou 12 milhões de desempregados- sempre é bom lembrar aos ressentidos de sempre-, além de empresários useiros e vezeiros em alimentarem seu sucesso com os cofres públicos. É algo que nunca imaginamos ver, nem nunca acreditamos que alguém fosse capaz de enfrentar.

Os críticos de Moro costumam usar uma régua com ele que não usam nem consigo próprio, como faz Gilmar Mendes- o habeas corpus mais rápido de Jacob Barata- , no STF, por exemplo.
Moro foi convidado a compor o governo de Bolsonaro com promessa de carta branca no grande projeto de combate a corrupção, lema do candidato. Deixou a magistratura, por conta e risco, mas acreditando no Presidente, que ainda dizia que o indicaria ao STF, ou seria Ministro, por 8 anos. O governo obteve toda repercussão positiva e usufruiu de levar Moro para seu projeto.
Bem, como registrado na imprensa, ele nunca teve carta branca. Quando veio a crise do COAF, Bolsonaro apoiou a retirada do MJ; quando apresentou o projeto anti-crime, sua grande aposta, Bolsonaro, sugeriu que ele deixasse para depois; quando a Câmara aprovou o esdrúxulo juiz de garantias, Moro pediu, mas ele não vetou. Não teve apoio para a aprovação da prisão em segunda instância. Em seguida, veio a tentativa de dividir o Ministério da Justiça e Segurança, depois a declaração que indicaria para o STF, alguém " terrivelmente evangélico", e, por último, a demissão com a falsificação da assinatura de Moro, no Diário Oficial, do Diretor Geral, da PF, retirando a carta branca prometida, para criar sistema paralelo de interlocução em uma polícia do Estado.
Não se aponta até aqui nenhum crime de Moro, ao contrário, estaria impedindo que uma ação ilícita acontecesse. Depois que saiu, os detratores o acusaram de ser político, de traição, mesmo que a lei do silêncio se aplique só à máfia. Poderia ser acusado, de soubesse do fato e compactuasse com ele. Não gostei de Moro não ter entregue sua demissão antes da saída, e que tenha vazado as mensagens da Zambelli, afilhada, sem sua permissão, afinal, pelo trecho que li, ela não fez nada ilegal, mas embora não aprecie o método, não há nada que deslustre a biografia do ex-juiz.
Hoje, Bolsonaro o chamou de Judas. Nada do que Moro podia entregar ao governo Bolsonaro, ele negou- prestígio, combate ao crime organizado,corrupção e criminalidade violenta, apreensão recorde de drogas, queda inédita da criminalidade, Banco Nacional de Perfis Genéticos, Centro Integrado de Operações nas Fronteiras, parcerias internacionais para combate ao tráfico, confisco de bens do crime em prol da Sociedade, deportação de mais de 1000 criminosos, enfrentamento as organizações criminosas, que ninguém mais fez, delegacias especializadas de combate a corrupção, entre outras ações.
Bolsonaro, em compensação...

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