sábado, 9 de maio de 2020

Os mortos estarão na conta de Bolsonaro

O enfrentamento a pandemia do Chinavírus é a crônica de uma tragédia marcada para acontecer. Transformada em um reality show político pelo ex-ministro Mandetta, que fazia longas entrevistas e pouca ação, ela sofreu sempre de improvisação, descaso, e diretrizes confusas e divergentes entre a equipe e presidente que insiste em não usar máscaras, abraçar eleitores, e desde o começo chamou a pandemia de “gripezinha”.

Em outras vezes tentou reduzir sua importância, banalizar suas mortes, e chegou a dizer que não queria saber quantos iam morrer porque não era coveiro. No penúltimo episódio, já celebre, mandou um E dai? para as vítimas. Fica claro, evidente, que Bolsonaro não tem nenhuma empatia pelas vítimas da doença, nem com quanto elas serão, ou como estão sendo assistidas. Ele acredita ser presidente da parte que cuida, apenas, da economia.
Por último, no mesmo dia em que o Brasil bateu o recorde de mortes em um dia com 751 mortos, os casos chegaram a 10.222 por dia, e atingimos a marca de 10 mil mortes, o presidente anunciou que vai fazer um churrasco em casa, tripudiando com os milhões de pessoas que vivem a dificuldade de enfrentar a crise, os profissionais que estão expondo a vida para combater a doença, as famílias e aqueles que estão enfrentando a traiçoeira luta de depender de um sistema de saúde que está em colapso em vários Estados, produzindo cenas dantescas.
É indigno, absolutamente indigno que Bolsonaro esteja tratando a pandemia e o povo brasileiro como ele está fazendo.
Os mortos estarão sim, em sua conta.

CPF não tem reparo

O prefeito de Nova Iorque disse que 66% dos contaminados estavam em casa, e isso se tornou um argumento sofista contra o isolamento. Porque sofista? Vamos lá:
1- A maioria das pessoas está em casa, logo, se a maior parte de um todo está em casa é claro que será daí que sairão mais casos, mesmo que seu percentual de contaminação seja menor do que daqueles que estarão nas ruas, porque menos de uma grande maioria é, em números absolutos, muito maior do que até percentuais grandes de uma minoria. É uma questão de amostra populacional. Ou, de outra forma: ser dono de 100% de um posto de gasolina é muito menor do que ser dono de 5% da Schell.
2- ocorre muita contaminação em domicílio porque a significativa parcela da população que ainda está nas ruas, leva o vírus para casa. Não é pelas pessoas que estão em casa, é sim pelas  que estão nas ruas, e indo das ruas interagir com os idosos. Não é pelo excesso de quarentena, é pela brandura, que permite, inclusive, aos que estão em casa saírem. Para reduzir esse R0 do vírus, ou taxa de contágio  ( atual é 2,8, a mais alta do mundo), é que vários países fizeram o bloqueio total.
3- trabalhadores essenciais- por um mínimo de respeito e agradecimento a eles pelo sacrifício- deveriam estar sendo testados de forma preferencial. Assim, reduziria seu potencial contaminante, assintomático.
4- então, já que nossa taxa de isolamento está sempre abaixo do necessário, temos 13 milhões de moradores em favelas, 20 milhões sem água encanada, e grande parte contamina em casa, não seria melhor liberar geral? Caímos no mesmo ponto: com nosso isolamento atual, que já foi mais intenso no começo, estamos tendo colapso do sistema de saúde em vários Estados e estamos assistindo cenas de bárbarie, imagine com uma contaminação sem controle?
5- nenhuma vida descartável, nenhuma vida perdida sem luta, deve ser nosso lema

 


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