Alguns perus se
especializam em determinadas festas ou eventos. Conheci um que não perdia
nenhum coquetel promovido pelo Centro das Indústrias de Feira de Santana (Cifs).
Ninguém nunca soube o seu nome. Mas, ele transitava pela festa como se fosse
anfitrião. Falava com todo mundo, apertava a mão chamando as pessoas pelo nome
e se encostava nas rodas de conversa prestando a maior atenção, embora não
opinasse. Havia um também, conhecido
como Edson Som, que se especializou em frequentar reuniões importantes e foi
visto algumas vezes em grandes eventos na capital do Estado, transitando com
desenvoltura entre os convidados.
Realmente ser
penetra é uma arte. Não é para qualquer um. Além de convencer os seguranças e
porteiros, ainda terá que convencer os convidados de que não está ali por
acaso, mas como um membro importante daquela comunidade. Requer também muito
conhecimento sobre os eventos e as pessoas que os realizam e muita presença de
espírito. Por exemplo: Um desses “artistas” ao ser questionado por um segurança
em um grande evento pelo seu convite, o penetra fez ar de indignado e gritou:
Você sabe quem sou eu? Quando o segurança disse que não, ele exclamou: Graças a
Deus! E sumiu pelo jardim, pulando o muro.
Um caso curioso de penetra aconteceu comigo. Mesmo não tendo sido exatamente um. Eu trabalhava em uma loja e me pediram para levar um documento na sucursal do jornal Tribuna da Bahia em Feira de Santana. Quando entrei para entregar o tal documento, algumas pessoas se encontravam em volta de uma mesa preocupadas com a falta de um dado importante para uma matéria que deveria seguir de imediato para Salvador. É que a equipe de reportagem estivera no sábado cobrindo o casamento da filha de um secretário municipal. Os “gênios” anotaram tudo direitinho, mas, esqueceram um dado extremamente importante, o nome do noivo, e estavam queimando as pestanas sobre o que fariam. Um deles me olhou de modo curioso e disse aos colegas: Peru é quem sabe das coisas! Esse cara aí estava no casamento, e me perguntou: Você não estava no casamento da filha do secretário sábado? Diante da minha afirmativa, perguntaram: como é o nome do noivo? Eu respondi: Roberval. Ele abriu um largo sorriso e disse: Roberval de que? Vê lá se eu ia esquecer o nome do meu velho amigo de infância! E respondi: Roberval Alves Pereira. Eu podia até informar o nome dos pais e a data de nascimento dele e dos mais de uma dúzia de irmãos. Mas, eles ficaram satisfeitos apenas com o nome. E o sujeito que me questionou, continuou me chamando de “peru”, quando na verdade, eu era convidado e eles os penetras.
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