*Ventanias de felicidade*
Assim, sendo do mais elevado grau o traje da felicidade vivida, parto saudando a todos e todas com o figurino apropriado.
Caríssimos Leitores,
Ao posicionar-me no terreno das qualidades do mais elevado grau, mesmo sem ser habitual ‘superlativador’, devo confessar-me felicíssimo com aquela visita: filhas premiadas pela loteria das descendências.
A número 1, pelotense residente em Belo Horizonte e a número 4, paulista, moradora em Brasília, havendo estado nas Alagoas à casa da filha número 2, porto-alegrense, ao retorno houveram por bem brindar o velho guerreiro com agradáveis momentos de reminiscências.
Para tanto, além dos consagrados e fugazes instantes de convívio familiar, na companhia de minha mulher e de seus dois meios-irmãos e respectivas ‘paqueras’ de então, percorremos em descompromissadas caminhadas os recantos da cidade onde vivo, na qual suas barrentas ruas do entorno dão-lhe as feições da antiga Rio Pardo, cidade dos ancestrais gaúchos maternos da dupla visitante.
Falamos
de vivos e de mortos.
Elas,
dos primeiros.
Eu, mais – ponham-se muitos mais – dos últimos.
À madrugada do dia da despedida, enfrentamos intensa neblina, marca registrada local em tempos juninos, faróis acesos, na ida a Feira de Santana. De lá, ‘as meninas’ partiram para Salvador, rumo ao aeroporto.
Filhos e filhas são bilhetes da loteria-vida, comprados ao acaso, amorosos momentos. Fui premiado várias vezes e, volta-e-meia, eles lotam o cofre de minha vida, punhados de emoções superlativas.
Assim,
amicíssimos leitores, relevem eventuais excessos ante o quanto ora confesso.
Certas recordações, são ventanias de felicidade e ai daqueles - incapazes de nutrir sentimentos inebriadores d’alma - que se convertam, com o passar do tempo e as ausências, em estranhos às pessoas amadas com as quais um dia conviveram.
De tal mal não padeço e, penso, nisto resida a razão de estarem em segundo plano na memória das personagens da minha vida, impensadas e imaturas ações das quais fui protagonista.
Dispenso a ajuda do “camareiro da humanidade” – o velho Morfeu – para intentar sonhos felizes. Eles costumam acontecer no dia a dia de meu improvisado viver.
Faço do passado lugar de reflexão, sem medos, arrependimentos ou pesares, e por concordar com ela, copio Antônia Gusmán, artista plástica e poetisa argentina: “no hay maestra mejor que la vida en continuo movimiento”.
Enquanto escrevo, pela janela de meu quarto, voltada ao leste, sou brindado por aragem com o perfume das filhas. Ares puros e benfazejos trazem-nas de volta, sentindo-as tão presentes quanto antes.
Agora, no entrevero de nossa tertúlia, peço licença para mandar a quantos e quantas me leem, o supremo testemunho de minha alegria. Como é bom sentir saudade de momentos felizes.
Despeço-me,
sem fugir ao figurino eleito para o momento.
Abraços?
Muitíssimos!
‘Abracíssimos’,
pois.
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