Segundo a superintendente de Relação com Consumidores da Anatel, Cristiana Camarate, essas ligações, muitas vezes, são ofertas de produtos ou serviços, cobranças, pedidos de doação, testagem de prova de vida e até tentativas de fraude.
Você atende o telefone e, do outro lado, apenas o silêncio. Nenhuma voz, nenhuma resposta, apenas aquele instante estranho em que parece que alguém está te ouvindo sem dizer nada. Segundos depois, a ligação cai. Se essa cena lhe parece familiar, você não está sozinho. Essas chamadas misteriosas são apenas a ponta do iceberg de um problema que afeta milhões de brasileiros todos os dias: as robocalls e o telemarketing abusivo.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem
adotado diversas medidas para reduzir as ligações indesejadas que inundam os
celulares dos brasileiros. Segundo a superintendente de Relação com
Consumidores da Anatel, Cristiana Camarate, essas ligações, muitas vezes, são
ofertas de produtos ou serviços, cobranças, pedidos de doação e até tentativas
de fraude.
“Uma grande atenção que o consumidor deve ter é para o
fato de que essas ligações às vezes também podem ser fraudulentas para enganar
o consumidor”, alertou Cristiana.
Para combater esse problema, a Anatel criou
iniciativas como o site Não Me Perturbe, onde consumidores podem se
cadastrar para bloquear chamadas indesejadas de empresas de telecomunicações e
do setor financeiro.
Outra ferramenta, Qual
Empresa Me Ligou?, permite identificar a origem das chamadas
desconhecidas e tomar providências contra as empresas abusivas.
Ligou e desligou
Cerca de 20 bilhões de chamadas circulam mensalmente
pelas redes de telecomunicações, e 50% delas são consideradas inoportunas ou
improdutivas. Essas são as ligações que caem logo após serem atendidas e
apresentam indícios de fraude.
“Se uma empresa ligar mais de 100 mil vezes por dia com
chamadas de até seis segundos, determinamos o bloqueio desse
número para impedir novas chamadas”, explicou a superintendente.
Graças a essa medida, a Anatel já bloqueou mais de mil usuários e aplicou
multas que podem chegar a R$ 50 milhões, dependendo da infração.
Desde junho de 2022, a Anatel reduziu cerca de 190
bilhões de ligações indesejadas, o que representa, em média, 910 chamadas a
menos por celular.
Outra estratégia de golpistas: a prova de vida
Uma das técnicas utilizadas para alimentar bases de dados
de telemarketing é o que a Anatel chama de “prova de vida”. Nessa
prática, robôs disparam milhares de chamadas simultaneamente. Quando o
consumidor atende, o sistema registra que aquele número está ativo e marca os
horários de resposta. Essas informações são usadas para otimizar novas
ligações.
“Há também situações em que o primeiro consumidor a
atender é direcionado a um atendente humano, enquanto as demais chamadas caem.
Isso é um indício de ligações automatizadas em massa”, explica Cristiana.
Os esquemas fraudulentos também têm migrado do
telemarketing tradicional para golpes financeiros. “É muito importante que o
consumidor esteja atento e não forneça seus dados pessoais por telefone sem ter
certeza da origem da chamada”, alerta. Em casos de dúvida, a orientação é
verificar com o banco por outros canais antes de fornecer qualquer informação.
Origem Verificada: nova ferramenta da Anatel
Para garantir mais segurança, a Anatel está desenvolvendo
a ferramenta Origem Verificada, prevista para ser lançada ainda neste semestre.
Essa tecnologia será gratuita e não exigirá o download de aplicativos.
“Se o telefone do consumidor for compatível com 4G ou
5G, ele passará a receber chamadas identificadas com a logo da empresa, o nome
e o motivo da ligação, além de um selo de verificação que confirma a
autenticidade da chamada”, detalhou Cristiana.
Essa medida permitirá ao consumidor escolher se deseja
atender a chamada com mais segurança. A Anatel também incentiva que os
consumidores cobrem as empresas das quais são clientes para aderirem ao sistema
de verificação.
Denúncias e penalizações
Caso o consumidor seja vítima de um golpe, a Anatel
recomenda registrar um boletim de ocorrência na Polícia Federal e fazer uma
reclamação junto à Agência.
“A Anatel e outros órgãos do governo estão sempre à
disposição para auxiliar. Seguimos firmes no combate a essas práticas. Não há
solução mágica, mas um conjunto de medidas para mitigar esse problema que é
global”, concluiu a superintendente.
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