sexta-feira, 13 de agosto de 2010

1967. Um ano marcante na minha vida




Em janeiro de 1967 eu completava 13 anos. Era um garoto tímido e de saúde frágil. Mas havia sido aprovado no exame de admissão do Ginásio Santanópolis, o melhor da cidade. Cursara o primário na escola da professora Carolina (não me recordo o sobrenome), que acompanhava seus alunos até o colégio e ao final de cada prova chamava um a um para saber como se saíra. Era um tempo em que os professores ficavam envergonhados se seus alunos fossem reprovados num exame de admissão.
Em minha casa todos estavam preocupados, sem saber como eu me comportaria naquele mundo totalmente novo para mim. Mas, vencida a timidez inicial, eu até que me saí bem. Não me saí muito bem nos estudos, mas consegui passar de ano, mesmo tendo que fazer uma prova final de matemática, cujo mestre era ninguém menos que Manoel de Christo Planzo. Como chamávamos na época, era “carrasco”. Mas, por trás daquela face austera, escondia-se uma alma boa, sensível e amiga, como vim a constatar mais tarde.
Foi no Ginásio Santanópolis que realizei um dos meus maiores sonhos juvenis, que era tocar numa banda marcial. E fui tocar (caixa tarol) na melhor da cidade (a disputa com a do Gastão Guimarães era acirrada). O título de melhor banda do desfile de 7 de Setembro era disputado como uma final de campeonato de futebol. E o professor Evandro Oliveira se esmerava. Comprava novos instrumentos, ensaiava ele mesmo os alunos, criava os acordes, as coreografias, e saía todo orgulhoso à frente da banda durante o desfile. Um verdadeiro maestro.
Além dos meus colegas de sala (Ajurimar Simões, Félix de Doute, Ângelo Pitombo, Ângela Pinto, entre outros), era contemporâneo de Carlinhos Freire (alô Velho Cal), Deusimar, Joel Luciano, Fernando Risadinha e mais um monte de gente que, mais tarde, viria a ter fortes laços de amizade comigo, alguns deles, até os dias de hoje. Carlinhos (Ceguinho) Freire, que naquele tempo já ensaiava os primeiros acordes da banda “The Bat Boys”, é até hoje um dos melhores. Chegamos até a sermos sócios e até montamos uma banda (já extinta) para divertir os amigos em pequenas reuniões sociais.
Eram outros tempos. Se de lá para cá o mundo ganhou em tecnologia, perdeu muito em valores que hoje estão esquecidos. Eu não poderia descrever com palavras a vida feliz daqueles tempos. Eram tempos de paz, fraternidade, respeito mútuo, solidariedade, profissionalismo, fé, disciplina, saúde e amor. Muito amor. Amor pela vida, pelo próximo, pelo que fazíamos e pelo que acreditávamos.
Neste sábado, 14 de agosto de 2010, realiza-se no Clube de Campo Cajueiro, o II Encontro de diretores, funcionários e ex-alunos do Ginásio Santanópolis. Estarei lá! Para rever os amigos e recordarmos o quanto fomos felizes.

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