sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Que se dane


“Quem quiser que procure suas melhoras”. Essa expressão popular tem sido usada ao longo dos anos para justificar mudanças de posicionamentos, normalmente injustificáveis. O indivíduo sente-se incomodado ou desprestigiado em algum lugar, e simplesmente muda de posição como se estivesse apenas trocando a cadeira onde estava sentado, o que seria muito natural, principalmente se um prego no assento o estivesse maltratando.
Mas, no jogo democrático, a coisa não funciona assim. A Democracia pressupõe a aceitação da decisão da maioria sobre qualquer assunto. Ao participar do jogo democrático, o indivíduo implicitamente, aceita as regras do jogo. A decisão da maioria deve ser respeitada e todos devem lutar por ela. Quando as coisas não acontecem assim, a Democracia é enfraquecida, se abre um flanco para a ditadura, e todos saem perdendo.
Alguns exemplos: Num clube social ou esportivo. Se os componentes de uma chapa que perdeu a eleição abandonam o clube, ou sai para fundar outro, a tendência é que ambos os grupos fiquem enfraquecidos. Nas igrejas: Se não se preparam novas lideranças, e não lhes dão oportunidades, e algumas lideranças natas se sentem desprestigiadas, a tendência, hoje em dia, é trocar de religião. E a fé que se dane.
Eu fui iniciado numa loja maçônica que já pariu umas dez lojas. Quase sempre que havia uma dissidência sobre eleições, o grupo que perdia saia para fundar outra loja. Não sei se ainda é assim, mas era quase uma regra. E o resultado é que temos inúmeras lojas maçônicas na cidade, a maioria delas fundadas apenas para abrigar vaidades. E o trabalho social que se dane.
Recentemente descobri que o Karatê ainda não é um esporte olímpico, simplesmente porque os dirigentes fragmentaram o esporte em inúmeras federações e confederações independentes, formando um verdadeiro “balaio de gatos”. Há uma infinidade de campeonatos e torneios, cada um obedecendo a regras diferentes, e nunca se sabe onde estão os verdadeiros atletas.
Na política, mudar de partido virou uma coisa normal, rotineira. Os princípios e idéias defendidas hoje, já não valem para amanhã. Os adversários de hoje, são os aliados de amanhã, e vice versa. Não há coerência, postura ideológica, propósitos comuns e firmes a serem defendidos. Tudo vale para ganhar as eleições, mesmo que isso custe caro aos cofres públicos, que gere projetos inexequíveis, que confunda o cidadão, que torne inviável governar uma cidade, o estado ou o País.
Ninguém quer sequer esperar transcorrer o governo adversário para provar que suas idéias e ideais estavam certos e os dos adversários errados. Não! Se não posso vencer o adversário, me junto a ele, e o povo que se dane. Tem cachaça e futebol. Que mais o povo precisa para ser feliz? E o povo ainda aplaude e pede bis.

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