A Capes (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), uma das principais
entidades que fomenta pesquisas em nível de pós-graduação no Brasil,
corre o risco de sofrer um corte de pelo menos R$ 580 milhões no
O
Conselho Superior da Capes publicou uma nota na quinta-feira alertando
sobre o risco de paralisação nas atividades e pedindo ao governo federal
que impeça a redução nas verbas. O conselho afirma que a diminuição no
orçamento vai causar descontinuação de 200 mil bolsas de pesquisa
científica, interromper projetos de formação e programas de cooperação
internacional, prejudicando a imagem do Brasil no exterior.
Segundo a entidade, o corte é consequência da proposta orçamentária do governo de Michel Temer (MDB) para o ano que vem.
Muito compartilhado nas redes sociais ontem, o documento da Capes é assinado pelo presidente da entidade, Abilio Baeta Neves.
Para
o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência),
Ildeu Moreira, isso demonstra a gravidade do problema. "A situação está
tão crítica que as próprias pessoas que têm cargo importante no governo
estão colocando a sua opinião, que pode até implicar em riscos de
sobrevivência nos seus cargos. É uma atitude corajosa", disse ele em
entrevista à BBC News Brasil.
Moreira
também afirma que os cortes causarão danos irrecuperáveis tanto à
ciência quanto ao desenvolvimento do país. Segundo ele, a interrupção de
projetos causa perda dos recursos investidos, gera fuga de cérebros e
escassez de cientistas qualificados, com impactos de longo prazo para
diversos setores, da saúde à economia.
Professor e pesquisador do Instituto de Física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moreira trabalha nas
áreas de Física Teórica e História da Ciência. Realizou estágios de
pesquisa na École Polytechnique e na Universidade de Paris VII, ambas na
França.
Moreira é presidente da SBPC desde o ano passado. A
entidade, criada em 1948, dedica-se à defesa do avanço científico,
tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do país. É uma
das principais organizações científicas independentes do país, agregando
127 sociedades de diversas áreas do conhecimento.
O físico
argumenta que os cortes são uma decisão política, não resultado da falta
de dinheiro. "Estamos sendo escolhidos para sermos cortados. É uma
questão de outros interesses que prevalecem em detrimento do
desenvolvimento do país", afirma.
O governo diz que a questão do
orçamento ainda está em aberto e convocou para esta sexta-feira uma
reunião de representantes dos ministérios da Educação e do Planejamento
para debater o alerta feito pelo conselho da Capes.
Click aqui e leia os principais trechos da entrevista ao BBCBrasil
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