sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O brasileiro com problemas cardíacos que desenvolveu um gel para imprimir corações artificiais

Não seria exagero dizer que o destino profissional do médico Gabriel Liguori foi traçado no seu nascimento. Ele veio ao mundo com uma cardiopatia congênita chamada atresia pulmonar, o que significa que uma das principais artérias do seu coração nunca foi formada.
Aos sete dias de vida, entrou pela primeira vez no Instituto do Coração (Incor), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde, aos 2 anos, foi operado. Hoje, é médico especializado no atendimento de crianças. Como pesquisador, desenvolveu um gel, feito com as próprias células do paciente, que poderá levar à criação de um coração artificial para transplantes.
As passagens constantes pelo Incor desde os primeiros dias de vida criaram nele o interesse pela Medicina, mais precisamente pela cirurgia cardíaca pediátrica. "O que poderia ter sido um trauma acabou virando uma paixão", diz o médico, hoje com 29 anos.

Além disso, suas limitações de saúde, que o impediam de praticar esportes ou de participar de brincadeiras que exigiam esforço físico, o levaram cedo para um caminho mais intelectual, que o aproximou da leitura e das ciências. Lia de tudo nessa área, de Charles Darwin à mecânica quântica, além de fazer seus próprios experimentos em casa.
Como isso o trouxe até o desenvolvimento do gel é uma longa história.
"Tentando resumir um pouco, o fato de eu estar constantemente no hospital me despertou o interesse pela Medicina", conta. "Desde criança, eu sempre quis ser médico e trabalhar no Incor, tratando crianças que apresentassem essas mesmas malformações congênitas que eu tive. Com sucesso, passei no vestibular e entrei na Faculdade de Medicina da USP em 2009."
Desde o início da graduação - e por toda ela -, Gabriel se envolveu com diversos projetos na área de cirurgia cardíaca, principalmente a pediátrica.
"Na época em que eu estava terminando a faculdade, comecei a entrar em contato com a engenharia de tecidos, inicialmente à distância", conta. "Quanto mais eu lia sobre ela, mais encantado eu ficava e mais eu acreditava que aquele era o futuro da cirurgia cardíaca. Basicamente, essa área procura organizar polímeros, células e biomoléculas de maneira a construir tecidos vivos, para a reposição e regeneração de órgãos ou parte deles", explica.
De acordo com ele, hoje há milhares de pessoas na fila de transplante cardíaco, e a maioria delas nunca conseguirá receber um coração.
"Por isso, acreditando que seria possível criar órgãos em laboratório nos próximos anos e, assim, resolver o problema da escassez - e também da rejeição - para transplante, decidi que faria meu doutorado nessa área", diz. "Assim, em 2015, ingressei direto nele, sem fazer mestrado, na Universidade de Groningen, na Holanda, e desenvolvi uma série de projetos, sendo que um deles deu origem a esse gel."
 Leia amtéria completa no BBCBrasil

Nenhum comentário: