segunda-feira, 11 de maio de 2020

Nenhuma vida é descartável, nenhuma vida a ser perdida, sem luta.


Há duas formas de enfrentar essa pandemia. Uma delas é lutar com testes , isolamento, achatamento da curva, preparo do sistema de saúde para o atendimento. A outra, é a chamada "imunização do rebanho" que é atingida quando 60-70% da população fica imunizada por contato com o vírus.
Os defensores da primeira lutam por cada vida, os defensores da segunda, por nenhuma.Eles optam por uma espécie de "eugenia viral". Todos ficam doentes, pouco importa quantos morrem, e sobrevivem os aptos. Para amenizar, os pregadores do apocalipse dizem que os pacientes de risco devem ser isolados, embora não expliquem como, com todo mundo nas ruas. Essa escolha é mais rápida, embora mais letal. O problema, é que se o sistema de saúde já está em colapso com a curva achatada, imaginem com a curva sem achatamento. Inevitavelmente isso levaria a morte de pessoas que não morreriam, por falta de assistência a saúde. Imaginem que 60% de 210 milhões corresponde a 126 milhões de contagiados, e 15% deles são sintomáticos. A falta de suporte elevaria a letalidade da doença. Eles acreditam que isso pode salvar a economia, mas essa conduta não foi adotada por nenhum país do mundo.
Desde o início dessa pandemia o governo federal, liderado por seu presidente e vários acólitos tem, claramente, optado pela tese da "imunização do rebanho". Em reiteradas vezes o presidente abordou esse percentual de contágio e tratou os mortos sem a menor empatia, às vezes com desprezo, como se fosse apenas uma fatalidade numérica aceitável. Em nenhum momento fez qualquer referência a medidas de defesa, apoio, liderança, ao enfrentamento. Ao contrário, demitiu o ministro da Saúde que havia construído um bom canal de comunicação com a população. A indiferença chega a ser ofensiva; a oposição, chega a ser criminosa. Ao presidente interessa apenas a economia que lhe garante a reeleição.
O parcial sucesso que estamos tendo deve-se a ação dos governadores, ao isolamento, ainda que falho, as máscaras, e ao esforço do cidadão. Vários Estados, no entanto, caminham para o auge do contágio, com sistemas colapsados e barbáries inimagináveis, além de uma pressão absurda sobre os profissionais de saúde, que representam 9% dos casos, e já contam com 65 médicos e 88 enfermeiros, mortos.
Apesar de 2 meses de evolução, continuamos como o país que MENOS testa no mundo, entre os principais. Isso mostra de forma objetiva que o planejamento do governo federal para enfrentar a pandemia foi um fracasso, desconectado, sem direcionamento, ao contrário da economia, em que apresentou corretas medidas de apoio.
Estamos navegando no escuro, como disse o novo ministro, a tendência é de crescimento e piora do colapso, o governo federal não se importa com os que vão morrer, e cabe a cada um de nós lutar pela sobrevivência.
Nenhuma vida é descartável, nenhuma vida a ser perdida, sem luta.

Nenhum comentário: