sábado, 26 de abril de 2025

RUA CARLOS GOMES, A RUA AUGUSTA DE FEIRA DE SANTANA, DEIXOU SAUDADES


Hoje, quem passa por ela, principalmente jovens e moradores de outras cidades, jamais poderá imaginá-la efervescente à noite, cheia de sons, ruídos de carros e lambretas, disputas no boliche, um teatro lotado, sem se falar nas festas do Feira Tênis Clube e o aconchego do Bar e Restaurante RN. Foi assim, trepidante, convidativa, indispensável a rua que tem nome do maestro campineiro. Foi assim a Rua Carlos Gomes!

Uma rua comercial como tantas outras, em uma cidade comercial como Feira de Santana, algo absolutamente normal. Várias lojas de confecções, de cosméticos, um pequeno shopping, um hotel tradicional, farmácias e outros estabelecimentos mercantilistas. Há ainda uma banca de jornais e revistas, uma das poucas que resistem ao avanço da tecnologia na Princesa do Sertão. Esse é o panorama atual da Rua Carlos Gomes, ligação indispensável entre a Rua Visconde do Rio Branco e a Avenida Senhor dos Passos, ou vice-versa.

Assim descrita, não passa de um espaço voltado ao comércio, com intensa movimentação de veículos e pedestres durante o dia e absoluto silêncio e abandono, em relação à presença humana, durante a noite. Cerradas as portas do comércio, entre às 18h30min e 19 horas, o silêncio é o permanente companheiro do logradouro que recebe o nome de um dos gênios da música brasileira, o maestro Antônio Carlos Gomes (1836/1896), natural de Campinas, São Paulo, próspera cidade amplamente conhecida pela sua famosa universidade, seu aeroporto e dois clubes de futebol – Guarani e Ponte Preta, dentre outros itens.

O hoje da Rua Carlos Gomes em nada pode ser comparado com o ontem. Nas décadas de 1960/1970, ali era febril o movimento noturno. Impulsionado pelo funcionamento do Feira Tênis Clube (FTC), para onde acorria a sociedade feirense nos finais de semana, principalmente, e todas as tardes e noites no Bar e Restaurante RN, esquina da Visconde do Rio Branco com a Carlos Gomes (hoje uma farmácia), aquele setor da cidade tinha vida própria, com tamanha intensidade que foi ‘batizado’ de Rua Augusta, a mais famosa de São Paulo na época, tanto que foi tema de filmes e de música da Jovem Guarda: “entrei na Rua Augusta a 120 por hora...”

A Rua Carlos Gomes, com bares, música e até boliche, foi palco de episódios marcantes, como o incidente envolvendo o goleiro carioca Ubirajara – emprestado pelo Flamengo ao Fluminense de Feira, campeão baiano de 1969 – e um torcedor. Fomentando a cultura de várias formas, a Rua Carlos Gomes abriu seus braços para o forte movimento teatral existente, sendo ali implantado pelo governo municipal o Teatro Margarida Ribeiro, homenageando a jovem atriz e estudante de direção de teatro falecida tragicamente em um acidente de automóvel.

Objetivamente, não se pode comparar os ciclos da vida, cada um deles com suas características, seus modismos, seus heróis e vilões – diferenças naturalmente necessárias para a composição de um cenário macro que chamamos de história. Assim vale retratar a Rua Carlos Gomes – ou a Rua Augusta de Feira de Santana – seis décadas atrás, provocando saudade em muitos que por ali viveram experiências marcantes, e talvez curiosidade ou até indiferença em jovens que, dentro de outra realidade, sequer podem imaginar o que significou para uma geração os tempos áureos da Rua Carlos Gomes.

Por Zadir Marques Porto

Um comentário:

Anônimo disse...

ZADIR VC NAO CONTOU O QUE ACONTECEU COM UBIRAJARA.