segunda-feira, 9 de julho de 2012

Felicidade não rima com vingança

- Você conhece algum pai de santo poderoso? – perguntou uma amiga.
- Pra que? – eu quis saber.
- Quero fazer um trabalho pra ex-mulher do meu marido encontrar um novo amor.
Fiquei um tempo processando aquilo. Ela explicou:
- Eu preciso muito que ela seja feliz. Só assim vai nos deixar em paz.
Claro! Ela está certíssima. Só quem está feliz pode deixar que os outros sejam felizes. Normalmente, se age ao contrário. Torcemos para que as pessoas que nos tiram a paz sofram e sejam infelizes. É a maior bobagem do mundo.
- Se ela se apaixonar – continuou minha amiga - vai deixar de pegar no nosso pé. Vai desistir de infernizar nossa vida, de criar questões que não existem, de tramar pequenas vinganças cotidianas. Então eu quero que ela arrume um homem lindo, carinhoso, sensacional. De preferência rico, pra ela poder explodir o cartão de crédito, e paciente, porque só assim pra aguentar aquela mala!
De fato, a paixão faz com que acreditemos que tudo é lindo – e que todo mundo em volta merece ser feliz também. Amar elimina os pensamentos de raiva, rancor e vingança.
O que me fez lembrar de um comercial de televisão recente, de cosméticos. Você já deve ter visto: a moça recebe um telefonema. Deduz-se que é um convite para um encontro, porque ela se banha sorridente, passa mil cremes, maquiagem e perfume. Tudo em câmera lenta. Tudo com grande prazer. No restaurante, ele vai logo dizendo:
- Olha, eu queria dizer que eu errei. E que eu quero voltar.
No que ela responde:
- E eu queria te dizer…que a fila anda.
Levanta e vai embora.
A fila certamente anda – mas pra mim está claro que ainda não andou pra ela.
Imagine uma mulher que levou um pé-na-bunda, mas está bem resolvida, cheia de projetos pessoais e profissionais, namorando outra pessoa ou se sentindo apta a atrair gente legal, interessante, alto astral. Então, um dia, ela recebe um telefonema do ex querendo sair. Na minha opinião, essa mulher diria: olha, não vai dar. Tudo de bom pra você.
Você tem dúvidas de que no próximo convite a moça do comercial volta pra ele?
Eu não.


Martha Mendonça é editora-assistente de ÉPOCA no Rio de Janeiro. (Mulher7por7)

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