
A queda do “bando dos guardanapos” como ficou conhecido,
dos Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do presidente
saqueador do Legislativo, Picciani, pôs a nu o estado de descontrole e
putrefação administrativa existente. Cabral validou e agigantou as
forças criminosas, sem oferecer resistência, ética, ou limite moral. Seu
sucessor, Pezão, sozinho, não é mais do que uma terrível e cruel piada
de mau gosto, sendo apenas o guardador do caos, o barqueiro do inferno
em que vive a população, acostumada ao terror diário, aos mais de 120
policiais assassinados, aos mais de 500 tiroteios, apenas em Janeiro,
certificando o descontrole e a ausência de hierarquia administrativa. O
afastamento ou renúncia seria o melhor que Pezão poderia dar ao Rio.
Neste contexto, a intervenção federal, na área de segurança
é uma ação vital sim, ao menos como sinalização de que o poder público
não está dominado. Embora não creia que essa intervenção federal, com
limitações de poder de ação, sem o domínio completo da máquina pública,
irá resolver o longevo problema do Rio, acredito que foi a medida
possível e acertadíssima, do Presidente Temer. Não havia nada mais, de
curto prazo, que pudesse oferecer alguma restauração da autoridade e da
lei. Sabemos que a ação isolada fica exposta a sérios riscos-inclusive
da migração criminal-, portanto, seria vital uma força tarefa do MP e da
Justiça, que acelerasse as investigações, julgamentos, apuração de atos
corruptos no funcionalismo e nos diversos poderes, pois, apenas, ação
de repressão, sem a correspondente ação da lei, resultará em desperdício
absoluto de dinheiro e esforço.
Não custa, ainda, lembrar que função policial não é
trabalho das Forças Armadas e que a longevidade traz o risco da
contaminação, desgaste, e toda uma série de questões jurídicas a que
ficam expostos os militares. É preciso restaurar a autoridade do poder
civil, para abreviar este processo.
Evidente, também, que não se pode ver a intervenção como a
panaceia para todos os problemas de segurança no Rio, até porque, ele é
multifatorial, universal, tem ramificações que vão muito além das
fronteiras do Estado e do país, e exige um plano real de segurança,
nacional, com múltiplas intervenções, e comandado por outro Ministro da
Justiça, já que o atual não passa de um fantoche sem autoridade, que
atua como guarda-costas do Presidente.
Apesar das limitações e riscos, creio, no entanto, que
haverá sim, melhor ordenação da estrutura de segurança, restauração de
um núcleo de autoridade, melhoria da percepção de segurança, redução da
criminalidade, ao menos da mais extensiva, e mesmo isso já será um
magnífico resultado paliativo para os aterrorizados cidadãos do Estado.
Claro que a intervenção favorece Temer e ele vai
aproveitar o ato para fazer política, mas isso não invalida o processo.
Seja como for, é preciso não exagerar na expectativa, para que os
resultados positivos não sejam valorizados em excesso, nem os
negativos, sejam anulados apressadamente. O impacto desta ação não pode
ficar submetido a teorias da conspiração ou escravidão política. Foi o
possível, no momento inevitável. Parafraseando Churchill sobre a
democracia, podemos dizer que a intervenção é a pior das opções, depois
de todas as outras. Agora, é torcer para dar certo.
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