quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Ora, direis... Roubar esposas

 A partir desta quinta-feira não vamos mais publicar as histórias da Princesa, continuaremos com a série de matérias contando história e estórias de Feira de Santana aos domingos. As quintas-feiras traremos uma crônica ou artigo de Cristóvam Aguiar, que voltou a escrever com todo gás, como podem conferir a seguir com a crônica de hoje.  

     
Antigamente, no sertão brasileiro, era comum um pretendente que teve a “mão” da donzela negada pelo pai dela, arquitetar um plano e fugir com ela na calada da noite, só voltando à convivência com os familiares após o nascimento do primeiro filho. Há até uma música, gravada por Ivon Cury, “Casamento Apressiguido”, que trata do tema. São muitas as estórias de casais que se casaram assim. Hoje em dia, não mais, pois os costumes mudaram.

         É evidente que havia um “que” de esperteza por parte de alguns pais. Sabendo que o pretenso genro não teria condições de sustentar uma família, e que o peso ficaria nas costas dele, dava de bravo e não permitia o namoro, mas rezando pra que o caboclo roubasse a moça. Que, aliás, muitas vezes já estava ficando “encalhada”, ou “pra titia”, como se dizia naquele tempo. Então era uma benção surgir um apaixonado corajoso, que topasse “fugir” com ela. 

         Lá pelos anos 70 já havia mudado. A jogada era engravidar a moça e só então comunicar aos pais dela que precisavam se casar. Era uma festa, pois dificilmente um pai iria aceitar uma filha desvirginada. Muitos as expulsavam de casa e o fim delas era triste. Geralmente iam parar num prostíbulo. E esses pais se diziam cristão, iam às missas aos domingos, comungavam e pagavam o dízimo, para “comprar” suas entradas para o Reino de Deus, esquecendo-se completamente que Jesus perdoara Madalena. Mas, isso é uma outra estória.

         Não sei se eram os “bons e velhos tempos”, ou são “tempos melhores”, neste aspecto. Entendo que algumas coisas mudaram para melhor e outras para pior, como sempre foi neste mundo velho de guerra. Mas, de uma coisa eu tenho certeza: O mundo ficou muito mais chato. Não tá fácil conviver com tanta gente metendo o nariz onde não é chamada, dando palpite em tudo, até em briga de marido e mulher (Eu disse “briga”, discussão, não agressão. Não me torrem o saco com seus patrulhamentos politicamente imbecis). Não fossem essas imbecilidades, esse mau humor generalizado, o mundo ainda seria muito divertido.

Eu conheci um cidadão, que foi além da simples fuga. Ele, literalmente, roubou uma moça de um convento de freiras, e com ela se casou e teve um casal de filhos. Na época, meses depois, um amigo dele, vendo que ele estava se dando bem com a esposa, pediu para ele roubar uma para ele também. O amigo não se fez de rogado, e disse então que o rapaz escolhesse uma, conversasse com ela e se ela consentisse ele roubava. O rapaz começou a ir à missa do Convento da cidade onde morava, conseguiu conversar com a escolhida, traçou um plano e comunicou ao amigo. Este, por sua vez, escalou paredes, pulou grades e roubou a moça para o amigo. A mulher que ele roubou, era mansa, educada, aceitava com naturalidade tudo o que o marido aprontava. Ele a chamava de “A eclesiástica”.

 

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